Hélio Consolaro*
Confesso caro leitor que se não houvesse internet na minha
vida, eu seria um velho rabugento, talvez um professor aposentado, bebendo todas
no boteco da esquina. Outra possibilidade, um pouco melhor, sendo um beato por
alguma igreja da morte.
O computador não é um eletrodoméstico ou apenas uma máquina para
modernizar escritórios, ele modifica a vida das pessoas, oferecendo
perspectivas novas, abrindo horizontes, tornando cada internauta mais
universal.
Comecei a operar computador em 1993 quando iniciei no
jornalismo, na antiga Folha da Manhã, pelas mãos do jornalista Wilson Roberto
dos Santos (paulistano), sócio de Hélio Pereira de Souza, ex-vereador por
várias legislaturas, ex-vice-prefeito de Araçatuba, que nunca mais vi pelas
ruas da cidade. Não havia ainda mouse, tudo era operado por atalhos no teclado,
sistema DOS.
Em 1995, comprei um 460, o meu primeiro computador, com
mouse, Windons, Word, não tinha um giga de memória. Era o último lançamento.
Tornei-me participante de um seleto grupo dos 100 araçatubenses conectados pela
Nutecnet da Instituição Toledo do Ensino. O técnico demorou um dia para instalar
a internet nele. Fui o primeiro cronista da cidade a expor e-mail no rodapé das
crônicas. Nem a Folha da Região, na época, tinha rede de computadores.
Só estou escrevendo isso ao caro leitor para mostrar que conheço
o “trem” há tempos. Sou do tempo do ICQ, do Orkut, do site de busca Alta Vista.
Nunca fiz curso, quando preciso de uma ferramenta, aprendo fuçando.
Outro dia, vi um cartum na FSP que me fez rir. O cartunista
Caco Galhardo satirizava os usuários do Facebook, chamando-os para o “1.º Fórum
Global de Adultos Infantilizados pelo Facebook”. A fila para adentrar o recinto
do evento era larga e comprida, muita gente.
Já tive amigos com a casa assaltada porque anunciou no Face
que a família ia viajar, deu a dica para os ladrões. Outros ostentam riqueza pela rede, o carro novo, etc.
E há gente que acorda de manhã cumprimentando os amigos do Face, desejando-lhes
um bom-dia. No Twitter, já li o sujeito dizendo que havia peidado.
Zeca Baleiro compôs “Mamãe no Face”, na letra pede que sua
mãe faça um download de seu último disco. Já Tom Zé, ao satirizar o uso político do
Facebook, porque atualmente há muitos revolucionários de teclado, canta “Tribunal
do Feicebuque”.
Sei também que o Facebook tirou muita gente da depressão, o
seu uso é recomendado por psicólogos. Há velhos que namoram pela rede, praticam
a transa virtual, porque a real já está impossível. Como tudo, ele é uma
ferramenta que serve aos dois lados.
Não pretendo ridicularizar ninguém, porque sou também
ridículo, mas não vamos exagerar...
*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor.
Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
6 comentários:
Quinta feira-06h50- desejo ao amigo UM BOM DIA.
Entre beber todas no boteco da esquina e ser beato, prefiro a primeira alternativa.
Não havia mause?
Tem certeza que tem a idade que diz ter?
Tá, tem amigos que praticam a transa virtual...oremos por eles pois que ainda possuem libido que os deixam excitados.Tenho amigos que nem isso fazem mais. Falando serio...ou mais sério ainda: nao suporto é o muro de lamentação que o face virou e mais, o muro de Jerusalém onde todo mundo vem orar e pregar o seu amor a Deus. Na balada, pinta e borda ( sem alusão ao falo ) e depois vem dar de santa. Quanto ao sexo virtual...deixa pra lá.
Vou entrar nessa. Uma das coisas de que mais gosto no face é a localização de amigos. Há poucos dias deu-se um encontro, não virtual, mas pessoal mesmo. Um dos amigos percorreu cerca de 500km, partindo de Araçatuba. Outro, de Belo Horizonte. De avião. O mais perto foi de São Paulo e eu e um outro aqui de Campinas.Daqui partimos para o local do encontro.Foi relaxante, espichou o nosso viver. E toda a turma se conheceu em Araçatuba nos anos 60. Dois deles são de Andradina, outro de B Horizonte, eu de Sêrro - Peçanha -MG, e tem ainda um de Mirandópolis. Tudo isso e mais as crônicas do Consa me levam a admirar a grande tecnologia do facebook.
Gabriel - Bié. Campinas-SP
Parabéns pelos teus textos, Hélio.
Especificamente quanto a este: não tenho e nunca tive nenhuma rede social (nem Orkut, nem Facebook, nem nada...). Sei do lado interessante que têm, reencontrar velhos amigos, divulgar projetos, etc... mas ao mesmo tempo fico chocado com o uso que mais comumente é feito dessas ferramentas (porque elas em si não são ruins, mas ruim é o uso que geralmente se faz delas), e a falta de noção - mais especificamente no nosso país do carnaval - das pessoas a respeito de exposição, privacidade, segurança, como bem enfatizaste...
Sem falar que, ao contrário do que mencionaste, existem pesquisas que evidenciam que o uso dessas redes acaba por causar depressão (exatamente por fazerem as pessoas viverem em um mundo paralelo e terem parâmetros da vida baseados nas vidas que os outros levam ali na rede, com seus carrões, suas viagens, seus namorados e namoradas, seus corpões).
Enfim, como digo, me parece que quase todo mundo hoje está vivendo na "Matrix"... e uma Matrix banal e realmente infantilizada.
Abraço
Diego
Ops, me adiciona?
Vamo sê amigo!!!
Facebook: Aproximando quem está longe, afastando quem está perto.
Sou totalmente contra...onde está o FACE TO FACE??? Socorro....
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