AGENDA CULTURAL

19.7.14

Pesquisar e buscar


Hélio Consolaro*

Ninguém para de estudar. Estudar o mundo é uma ação involuntária, uns estudam menos, outros mais, mas todos ligam suas antenas para perscrutar o seu redor. Esse estudo não dá diploma.

Por isso se diz “vivendo e aprendendo”. Só não sei onde será aplicado o ensinamento da morte, como é morrer. Se realmente houver céu e inferno, certamente será aplicado nessas instâncias do além, porque ninguém voltou para contar como foi. Predomina o silêncio sepulcral.

A vida é uma eterna busca. Embora saibamos que a finitude é certa, vivemos com muita esperança. Há muita gente especializada em acender a chama alheia, quando parece que vai se apagar. 
Há uma piadinha interessante. O cristão estava desesperado, com as esperanças perdidas, com a fé em frangalhos, depressivo, caiu de joelhos e gritou:
- Deus, ó Deus,me ajude, eu preciso encontrar a felicidade!!!

O Pai não suportou tanta superficialidade em sua oração que lhe respondeu de forma irônica:

- Busque no Google, meu filho!

Mas nem o Google me socorreu nesse momento para eu enriquecer esse texto, porque confunde pesquisar com buscar.
Quem pesquisa é o cientista, o estudante escolar, o mestrando, o doutorando. O pesquisador mergulha nos livros, observa a realidade com um olhar metrificado, frio. Tudo precisa ser quantificado, bem objetivo.

Buscar é mais coisa de filósofo, só os poetas buscam respostas para perguntas existenciais. Sempre procurar o novo, sem ter medo de novas experiências na vida.

A pessoa envelhecida, às vezes, precocemente, está com a pilha fraca. Se você, caro leitor, observar o marcador de bateria dela (como no celular), só tem um risquinho de energia.   

Mas há jovens assim, que são velhos precoces, não se rebelam, conformistas por excesso. Buscam apenas o “status quo”, não tem propostas novas para a vida. Querem apenas consumir, vivem sem um projeto de vida.

Este croniqueiro, 65 anos,  tem mais direito de ser niilista, desanimado do que um  jovem de 25 anos, por exemplo. Já dei minhas cabeçadas, acumulei frustrações, estou no fim da estrada. O jovem está dando seus primeiros passos; por isso digo: escutar os mais velhos, mas nem tanto. Juventude, não se deixe contaminar pelo desânimo da velhice de seus pais e avós.

A vida é curta, todos vão morrer, mas a humanidade é um coletivo, como a corrida do bastão no atletismo, cada um precisa deixar a sua contribuição para a geração futura. Deixe aqui sua marca construtiva.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP

  

Um comentário:

HAMILTON BRITO... disse...

Ta certo.
Eu mesmo sou um dos " veios" ,mais fuçado desta Urbi./Vou morrer lá no meio da roça