Gabriel Araújo dos Santos, Bié - o Prosador, esteve em Araçatuba durante três jornadas de literatura, falando com as crianças das escolas municipais |
Ilustrado por
Paulo R. Masserani, o livro apresenta ao leitor a prosa de Gabriel em três
contos: Aline e o pilão falante; Valente, o cachorro invisível e O menino que
assobiava e o livrim de muitos cheiros todos criados a partir de fatos reais
com uma pitadinha de imaginação do escritor. "Eu sempre me baseio na minha
vivência ou na de outras pessoas. Aí eu pego um fato às vezes bem simples,
corriqueiro, que não chamaria atenção de ninguém, e daquele fato tão singelo
faço aquilo crescer como fermento. É como se fosse uma sementinha e você
cuidando dela, ela se torna uma árvore frondosa", explica Gabriel.
Nas 64 páginas de
Três dedos de prosa Gabriel se inspira em histórias cotidianas e as escreve
dando importância de trem-bala a um carro de boi, como escreve o jornalista
Rogério Verzignasse no prefácio da obra.
Em Aline e o Pilão Falante o leitor se depara com a envolvente relação
da protagonista com uma criaturinha singular, pouco conhecida na atualidade, o
socador e o pilão. Peças consideradas de museu, esquecidas na dispensa da nona,
são resgatadas por Aline e mudam o cotidiano da família. Já no conto Valente, o
cachorro invisível avô e suas netas aprontam as mais emocionantes e engraçadas
brincadeiras, recheadas de sustos e correria, que terminam em gostosas
gargalhadas.
Os três contos
que compõem o lançamento da Adonis rememoram a infância, reforçando a
importância da imaginação e dos laços de família. Em O menino que assobiava e o
livrim de muitos cheiros Gabriel relembra seus seis anos de idade no interior
de Minas e compartilha com os leitores a história de João Grandim, uma espécie
de autobiografia do escritor, nele se destacam o primeiro contato do personagem
com um livro - Contos pátrios, de Olavo Bilac e Coelho Netto - e seu possível
contato com um escritor muito famoso da época. "Era um senhor de óculos,
chapéu e bengala. Fiquei com aquela imagem na memória. Setenta anos depois me
deparei com aquela foto que guardei na memória em um jornal. O escritor que
esteve na festividade de leitura do Grupo Escolar em Peçanha era Guimarães
Rosa", explica orgulhoso. Gabriel repete as palavras ouvidas pelo escritor
em 1946, mesmo ano da publicação de Sagarana "Ele disse: Eu só sou um
escritor, não sou um criador de história, quem cria histórias é o cotidiano, se
não fosse o cotidiano dar tudo eu não teria material para escrever meus
contos".
Gabriel seguiu as
palavras de Guimarães Rosa e criou seu próprio jeito de escrever, sua
literatura reflete o regionalismo de sua visão de criança do interior de Minas e
do cotidiano o escritor retira inspirações para dar a elas altas doses de
criatividade. O resultado é a literatura de Gabriel Araújo dos Santos.
Sobre o escritor
Gabriel Araújo
dos Santos, ou Bié, o Prosador, como também é conhecido, é natural de Serro/MG.
Apesar de radicado no estado de São Paulo desde 1958, não deixou apagar de sua
memória os acontecidos de seu cotidiano nas Alterosas, especialmente em
Peçanha, onde foi criado. São mais de duas dezenas de antologias com seus
causos. Só na Secretaria da Cultura de Porto Alegre somam-se sete histórias.
Orgulha-se de ter sido publicado pela Unicamp, Universidade Federal de São João
del Rei, Mapa Cultural do Estado de São Paulo, Fundação Cassiano Ricardo e
Associação de Escritores de Bragança Paulista, além de ter recebido premiações
na Unesp e na Puccamp. Pela Editora Adonis tem cinco obras publicadas: Candinho
e suas histórias (2012), A farofa para o ano-novo (2012), Policarpo (2012) e os
vencedores do Prêmio Agostinho de Cultura: Zé balão e suas histórias (2009) e O
vô suas histórias e brincadeiras (2012).
Lançamento Três dedos de prosa
Dia 19 de outubro, das 10h às 12h, durante o Leitura com
Pipoca, no quiosque Gostinho de Leitura
Av. Brasil, 2525 - Zoo de Americana
Um comentário:
Caríssimo e atencioso Consa, pena a distância, e mais ainda tantos afazeres você tem por aí. Não fosse isso, não iriam ser três dedos de prosa, porém uma dezena deles, você como bom ouvinte que sempre foi, e eu tagarela de nascença. Você, mesmo sempre assoberbado, achou um tempinho para falar do Bié, pelo que lhe fico muito grato. Meu sincero abraço.
Bié.
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