AGENDA CULTURAL

15.1.15

Nem de um lado, nem do outro

O cartunista brasileiro Latuff previu, em 2012, numa de suas charges a situação de hoje
Hélio Consolaro*

Reproduzo abaixo algumas informações básicas para que o internauta saiba fazer o enquadramento histórico e ter independência para ter uma posição a respeito.

O bombardeio da revista Charlie Hebdo, que é uma revista importante, como foi o Pasquim, Bundas, etc. Ela foi fundada em 1970.

O editor da revista na época era Philippe Val. O mesmo que escreveu um texto em 2000 chamando os palestinos (sim! O povo todo) de “não-civilizados”  ficou no comando até 2009, quando foi substituído por Stéphane Charbonnier, conhecido só como Charb. Foi sob o comando dele que a revista intensificou suas charges relacionadas ao Islã, ainda mais após o atentado que a revista sofreu em 2011…
É bom saber também que a França tem 6,2 milhões de muçulmanos. São, na maioria, imigrantes das ex-colônias francesas. Esses muçulmanos não estão inseridos igualmente na sociedade francesa. A grande maioria é pobre, legada à condição de “cidadão de segunda classe”, vítimas de preconceitos e exclusões. Após os atentados do World Trade Center, a situação deles piorou.

Não sei se é obrigação de um blogueiro se posicionar, mas estou em cima do muro, porque sou radicalmente pela liberdade de expressão, mas também gosto de respeitar os outros, porque minha liberdade acaba onde começa a dos outros. A revista exagerou, mas não merecia ser bombardeada por causa disso, há outras formas de reprimendas, como a forma jurídica.

Tal episódio me fez lembrar a perseguição que sofreram os nordestinos em São Paulo nesta última eleição presidencial. Eles foram arrastados pela industrialização paulista a deixar suas terras e trabalhar na construção civil nas últimas décadas do século 20. Assim ocorreu com os muçulmanos na França.

Agora, o neoliberalismo não conseguiu administrar a economia europeia, causou desemprego geral, a culpa é dos imigrantes. Essa nossa civilização judaico-cristã não nos leva à autocrítica, não procura solução para os problemas, mas à culpa.

O problema político criado pode levar beligerância à Europa, porque quem se fortalece com isso são os governos conservadores que tratam os imigrantes com desumanidade. Pelo jeito, a violência tomará conta da Europa.  

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*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba. 

Um comentário:

ESTACÃO BRASIL (UP GRADE) disse...

É fácil para um humorista (SIC!) chamar os Palestinos de "não civilizados". Isto que a Revista viveu, com explosão, mortes, etc...o que o povo Palestino vive todo dia, é inimaginável: a estupidez humana cometida pelo exército israelense SIONISTA (não confundir com o autêntico judaísmo). Estes dias vi um documentário feito por um jornalista judeu-americano que foi a Palestina e mostrou os horrores cometidos por lá...À parte todos os assassinatos disfarçados de guerra "preventiva", as prisões de crianças, a contaminação de mulheres grávidas com projéteis radioativos, etc... ele mostra a invasão do Ministério da Cultura Palestino, aonde as crianças recebiam uma educação voltada a superar os problemas e os traumas da guerra: os soldados israelenses além de depredar o local, DEFECARAM NOS DESENHOS E TRABALHOS das crianças, DEFECARAM NAS IMPRESSORAS, NAS MESAS, escreveram com fezes nas paredes, etc...NINGUÉM de bom senso pode concordar com episódios como este da Revista, MAS O ABSURDO é que coisas semelhantes SÃO DIÁRIAS na PALESTINA e o MUNDO VIRA AS COSTAS PARA ESTE CRIMES. Neste documentário, um israelense que perdeu sua filha de 8 anos em um atentado terrorista palestino em uma mercado em Israel, declara: " Eu perdi minha filhinha de forma estúpida...Mas quando eu fiquei sabendo que quem detonou a bomba foi uma enfermeira que trabalhava na emergência, tinha 30 anos, e há 10 anos dedicava-se a salvar vidas em Israel...Me perguntei: O que fizemos a ela e aos seu povo para ela cometer esta barbaridade?? E aí eu percebi que todos nós, israelenses, éramos também culpados pelo atentado que matou minha filhinha. Nós detonamos aquela bomba no mercado..."