Em todo o inverno, nós, os mais bem favorecidos (que nome
feio), resolvemos esvaziar nossos guarda-roupas, damos a sobra, o resto para os
pobres. Às vezes, aparece cada lixo...
Então, neste ano a Prefeitura de Araçatuba está fazendo uma
campanha do agasalho diferente, primando pela qualidade. Se for dar alguma
coisa, que dê roupa boa! Trapos! Não se usam mais nem para o limpar o chão.
Aquele cobertor seca poço, só para mendigo, morador de rua,
que dorme em calçada, faz da roupa objeto descartável. Aliás, muitos deles têm
essa vida por opção, acham melhor viver assim. São franciscanos radicais,
levados ao extremo.
Pra gente que tem família, mora em casa, por favor, um
cobertor mais fofinho. Uma roupinha nova, simples, mas nova. Um abrigo de
moletom, por exemplo.
Descobri um comportamento masculino interessante,
participando da reunião de abertura da Campanha do Agasalho no Hotel Arcos,
Araçatuba: Cidinha Lacerda, presidenta do Fundo Social de Solidariedade, disse
que roupa usada de homem não serve para nada, porque nós, os machos, a usamos
até rasgar. As mulheres são mais consumistas.
Tenho uma amiga que ganha bem, o dinheiro dela é para as
futilidades. O maridão sustenta tudo. Mudou-se para apartamento, precisou
diminuir tudo, pouco espaço, apesar de grande. Só com o dinheiro arrecadado com
a venda de sapatos usados, ela comprou um carro zero. Um abuso!
Há roupa usada boa, que merece ainda ser usada, então doe,
mas os trapos, por favor, para a reciclagem. Roupa feminina, o Fundo Municipal
de Solidariedade tem bastante, sobra de anos anteriores, precisa mesmo de
roupas masculinas, infantis, juvenis. Se possível, novas.
No ritmo em que a coisa vai, no ano que vem, a secretária
municipal de Assistência Social, Marta Dourado, vai pedir roupas femininas da
moda. Afinal, as mulheres pobres merecem também. Tudo bem, existe a
customização. Nada de exagero em nosso humanismo...
Na solenidade de abertura da Campanha do Agasalho, realizada
no dia 20/05/2015, quarta-feira, no Hotel Arcos, empresários doaram 100
conjuntos de moletons para crianças, outros, 50 para adultos. Tudo novo,
encomendado na fábrica.
Nem todos podem fazer isso, mas reserve algo para o
próximo, amoleça o seu coração e
esquente o inverno daquele que talvez conviva com você.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor.
Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
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