AGENDA CULTURAL

24.8.15

Zezé Bedran - uma guerreira

Dois acadêmicos: Hélio Consolaro e Zezé Bedran
  Faleceu sábado, 22/8/2015, a escritora, professora e advogada Maria José Bedran. A maior derrota em vida foi ter o carro sequestrado pelos filhos: não pode mais, mamãe! Provocava acidentes. Perdeu a liberdade devido à idade avançada.

Enquanto pôde, frequentava a Academia Araçatubense de Letras. Com ela, nada ficava no subentendido, tudo precisava ficar bem claro. A idade dela era trazida a sete chaves, como mulher vaidosa sempre andava bem arrumada.

Obrigado por ter ajudado a fundar a Academia Araçatubense de Letras. Por favor, não vai brigar com a Odette Costa lá no céu...
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MARIA JOSÉ BEDRAN DE CASTRO

BIOGRAFIA

Nasceu a 07/02 em Santa Adélia-SP.
Casou-se em 28/12/1943, com Fernando Gomes de Castro: 5 filhos.
Viúva desposou Antônio Machado, em 23/07/1964: vinte e três netos, 6 bisnetos.
Das 1as. advogadas de Araçatuba.
Vereadora 
1ª mulher-presidenta do Rotary de Araçatuba e 2ª mulher rotariana.
Promoveu o I Congresso de Saúde de Araçatuba.
Única mulher entre os Irmãos Definidores da Santa Casa.
Membro fundador da Academia Araçatubense de Letras. Ocupou a cadeira 9 por 23 anos, cujo patrono escolhido por ela é Paulo Setúbal.
Seus livros: Crônicas, Manual Prático de Direito Penal, Rotary Internacional Centenário e Janela Aberta.

Faleceu em 22/08/2015, com 92 anos.
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A crônica abaixo foi publicada no livro "Nos trilhos do centenário", publicado em 2008 pela Editora Somos na comemoração dos 100 anos de Araçatuba.

 DOUTORA GUERREIRA
Wanilda Borghi*

A menina bonita e vaidosa que ganhava concurso de beleza e dança, “Zezé”, como chamada desde criança, chegou a Araçatuba aos 15 anos. Vez por outra, o prêmio nem tinha graça, como “um mês ao cinema de graça” que, apesar de filha do dono, mereceu. O importante é que se acostumou na fantasia de teimosa, que confeccionava com coragem, opinião e sobretudo com superação de dificuldades, receita infalível para vencer na vida. Um exemplo? Quando na iminência de ter seus estudos interrompidos, depois do quinto ano ginasial, foi a  1ª classificada e ganhou bolsa para o Curso Normal em Lins.
De volta a Araçatuba, terra onde seus pais residiam, foi lecionar no Bairro Água Limpa e lá começou a namorar. Aos 20 anos, estava casada. Aos 30, viúva, com cinco filhos, com idades entre um e nove anos. Batalhadora, por um ano foi Diretora Substituta naquele grupo da Água Limpa, que hoje leva o nome de seu 1º marido.
Fez o CADES e, então, além do primário, lecionava também no curso ginasial da Faculdade D. Pedro II, do Colégio das Irmãs, do IE e do Salesiano, onde se aposentou. Cursou Direito em Bauru e, para alegria dos filhos, passou a ser “Dra. Zezé”: Mulher de garra, que ainda hoje advoga.
No aniversário de 80 anos, lançou o livro “Janela Aberta” e nele chama os filhos de “fragmentos”. Hoje, tem um quinteto de doutores: Fernando, Veterinário; João Cezar e  José Maria, Dentistas; Ari, Cardiologista; Pedro Paulo, Advogado e Administrador. Homens feitos e muito orgulhosos desta Mãe, alavanca da família, que  durante 15 anos foi Ministra da Eucaristia.
Vereadora, ajudou a trazer para Araçatuba a Faculdade Toledo (Direito), o SESI, a Escola “KEEP” (Química) de São Carlos, a FOA, a Delegacia da Mulher, a criar a FEA (Fundação Educacional Araçatuba), o Parque Industrial e o Clube dos Advogados da Região de Araçatuba (CARA). Participou de várias diretorias da OAB.
Aos 50 anos fez Letras, em Tupã. Se como estudante sempre foi oradora da turma, como “Cidadã Araçatubense” sempre foi de ações, com foco na educação.  Até depois de aposentada, participou dos grupos “Amigos da Escola” e “OAB vai à escola”. Há oito anos é vice- presidenta do CPP- Centro do Professorado Paulista. Foi presidenta do Conselho Municipal de Cultura e da Saúde e participou do CONDEPHA- Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico de Araçatuba.
Quando secretária do Congresso Nacional de Vereadores participou da inauguração da Belém–Brasília. Também foi secretária da Cultura Estadual, e do Albergue Noturno Senhor Bom Jesus da Lapa. Exatamente em uma quermesse em prol desse Albergue, conheceu o novo cônjuge. Felizes viajaram o mundo. E celebraram suas Bodas de Prata. Novamente sozinha, aos 61 anos, enterrou o segundo marido, junto com o primeiro. Bem-humorada, segreda que no cemitério de Araçatuba, apontam o túmulo e brincam com os visitantes: “queremos saber quem é que vai ser enterrado no espaço entre os dois!”
Dra. Maria José.  A parte “Maria” foi esposa, é mãe, amiga e companheira.  A parte “José” batalha, abre caminhos às mulheres araçatubenses. É vanguarda, pioneira.
Dra. Zezé. Dra. Guerreira. 

*Wanilda Maria Meira Costa Borghi, escritora, artista plástica, membro do Grupo Experimental da Academia Araçatubense de Letras



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