AGENDA CULTURAL

7.11.15

A zona azul, a intolerância de quem pensa pequeno e o proveito que alguns tentam tirar da situação


SERGIO GUZZI · 6 DE NOVEMBRO DE 2015 http://politicaemais.com.br


O serviço de zona azul em Araçatuba, conduzido pela empresa Arapark, desde seu início tem gerado questionamentos. Até aí, normal, dentro do direito de quem concorda ou não por pagar pelo estacionamento de seu veículo em área privilegiada no centro da cidade.

No entanto, episódios registrados nos últimos dias, como a agressão a uma funcionária e destruições promovidas por usuários no escritório da empresa, mostram que parte da população de Araçatuba não está preparada para o desenvolvimento, para o status de viver em uma tão sonhada “cidade grande”.

Os fatos em si retratam pura e simplesmente intolerância. Não questiono aqui direitos. Até porque, tenho os meus violados na condição de um deficiente físico. Em especial por motoristas que, com o discurso do “é só por um minutinho”, se apoderam de vagas destinadas a portadores de necessidades especiais para fugir da obrigação pelo pagamento ao estacionamento rotativo.



Zona azul 2

Escrevo sobre o assunto não para defender a empresa, mas para defender a disposição de quem deseja viver em uma cidade moderna. Com o discurso de “terra do boi gordo”, Araçatuba vivenciou décadas de regressão à medida em que os pecuaristas foram levando seus rebanhos para outros estados e mantendo apenas suas moradias por aqui. Municípios visionários cresceram a galopes, como pode mostrar São José do Rio Preto, onde o estacionamento no centro da cidade também é pago.

É ruim pagar para estacionar um carro? Para muitos, é. No entanto, pior seria gastar com combustível por minutos rodando em busca de uma vaga se não houvesse a rotatividade. Até porque, quem reclama de ter que pagar a tarifa cobrada hoje, certamente não tem o hábito de pagar por um estacionamento privado.

Nesta questão, um outro fato que chama atenção é ver, hoje, gente que até pouco tempo atrás tanto defendia a instituição de um método rotativo de estacionamento na região central da cidade, cuspir para cima sem o menor pudor de o escarro cair na própria cara. Também chama atenção pretensos candidatos às eleições de 2016 malharem o serviço sem ao menos dar uma sugestão de melhoria ao mesmo. Defender a não cobrança, por si só, é vago demais.

Quem viaja de Araçatuba para uma grande cidade, muitas vezes se sente em um local desenvolvido só pelo fato de ver a cancela do estacionamento de um shopping qualquer se abrir mediante acionamento automático pelo dispositivo normalmente usado para se pagar pedágios nas estradas Brasil afora.

Para isso, pagar tem importância. Pelo estacionamento no caótico centro de Araçatuba, o que vale é o que cerca o próprio umbigo. O que a cidade onde vivemos carece é de gente com mente aberta para o novo. O trivial e o tradicional configuram com passado, velho, decadente, obsoleto.

Araçatuba só será a cidade que merece ser quando entender que precisa lidar com seus dilemas. E o estacionamento em sua área central é um deles. Todos nós temos nossos lampejos de moralidade. No entanto, precisamos aprender a pensar grande, a querer ser grande, pois os que optam pelo mais do mesmo, pelo coronelismo e autoritarismo estão aos poucos sucumbindo.

Malhar o estacionamento cobrado no centro da cidade é desperdiçar energia e dar brecha à demagogia. Até porque, quem não tem condições para isso, geralmente, anda a pé, de ônibus, mototáxi ou bicicleta. O que não podemos é permitir que a insatisfação dê lugar ao desrespeito. Que é o que está acontecendo, infelizmente.




E não é pelo prefeito que aí está que a cidade vai deixar de ter ou não o serviço de estacionamento cobrado. Bandeira partidária à parte, esse é um serviço que se faz necessário onde se cobra crescimento. Mesmo se for para o descontentamento de quem assim, minimamente, pensa.

3 comentários:

Público Alvo Consultoria disse...

Hélio. O que está acontecendo é que existe claramente, não um convênio entre a Arapark e a Guarda Municipal, mas uma articulação em que, a funcionária da Zona Azul aciona via telefone, os Guardas municipais destacados para lavrar as multas. Isso está claro para a população. Concordo com a zona azul, não concordo com o modo como estão operando. E a Arapark esta usando estagiárias como funcionários, O que existe uma diferença legal muito grande!!! . Pago zona azul. Já paguei algumas notificações de R $15, 00. Mas também ja fui injustiçado por erro da zona azul e ao questionar o guarda Municipal antes mesmo do lavramento da multa, recebi um "procure seus direitos... Tenho fé publica". É lamentável Professor Hélio, muito lamentável.

Público Alvo Consultoria disse...

Tem mais Professor. Me lembro do edital da Zona Azul que tinha como caráter eliminatório para participação, aplicar a tecnologia de efetuar o pagamento através de celulares... Facilitaria muito. Até porque, hora os parquinetros estão quebrados e não se tem claramente identificados os locais para compra do mesmo. E funcionarios da zona azil nestas horas nao se acham... Moedas também estão em faltas no comércio em geral... Esta exigência da licitação facilitaria muito.... mas apenas funcionou para afastar do pregão empresas que queriam disputar; porém não detinham a tal tecnologia.... E pelo visto, nem o grupo da Consdon... Hora gente... faça-nos o favor....

Hélio Consolaro disse...

Prezado internauta que se esconde atrás de um blog anônimo :

Não sou o secretário municipal da Mobilidade Urbana, nem o da Administração, para lhe dar respostas técnicas. Como participo da equipe do prefeito Cido Sério, fico sabendo também dos problemas de outras secretarias. Posso lhe dizer que nem o prefeito e nem o secretário de Mobilidade Urbana estão contentíssimos com a Arapark. Estão fazendo esforços para ajustar as coisas a favor do usuário.

O que não se pode aceitar é apelar para a violência física, como mostrou a televisão por meio das câmeras da empresa, para resolver problemas. Também entidades corporativas não podem incitar usuários a cometer violência, como já me disseram. Reivindicar, protestar, tudo isso faz parte da democracia, querer resolver na paulada, isso é voltar à barabárie.

O artigo do Sérgio Guzzi veio calhar, ficou ótimo.

Abraços

Hélio Consolaro