O presépio em 2011, veja com que imagem estava o cajado |
Hélio Consolaro*
A Secretaria Municipal de Turismo de Araçatuba comprou um
presépio grande em 2011, não se contentou com o antigo, que era minúsculo. O
processo licitatório ao comprar as imagens dos santos teve quiproquó, houve até
recursos.
E assim, para
relembrar aos munícipes a data da cristandade antes de fazer as compras, a
secretaria instala o mesmo presépio. Sem nenhum problema, pois as igrejas
católicas ficam com as mesmas imagens por séculos.
Os evangélicos suportam a idolatria praticada pelo presépio
em local tão movimentado, pois sabem que vivem num país de cultura católica.
Pelo menos, ninguém chutou imagem como aconteceu certa vez na televisão.
E o prefeito participa da Marcha para Jesus e ajuda na realização
do evento, organizada pelos evangélicos, sem bronca dos católicos. Então
estabelece-se a regra da boa convivência e do respeito. Os ateus e adeptos de
religiões não cristãs aceitam a ostentação com discrição.
Neste ano, 2015, a Secretaria Municipal de Turismo resolveu
mudar o presépio de lugar, como fazem as mulheres ao dar uma mexida na casa
para mudar os ares, mudando os móveis de lugar. Então, todos os dias, este
blogueiro passa defronte ao presépio.
É bom dizer que este cronista participou de presépios vivos
no Asilo São Vicente de Paulo na década de 60, fazendo o papel secundário de
pastor. Não era teatro, era uma performance de estátuas vivas. Trata-se do
assunto aqui com certa familiaridade.
Voltemos ao hoje. Então, saiu uma conversa no calçadão que
haviam roubado o cajado do São José. Vai ver que era de cobre, certamente os
ladrões foram fazer dinheiro com o instrumento para a compra de pedras de
crack.
- Não se respeita mais o sagrado como antigamente... –
choramingou uma velhinha.
O secretário de Segurança comunicou o fato para o secretário
de Turismo e pediu providências. Este, meio nervoso, rechaçou:
-
Mas não é você o secretario de Segurança? Então,
quem deve descobrir o ladrão é você, Sherlock Holmes...
Criou-se um mal-estar logo superado com risos e piadas.
Afinal, o prefeito havia pago o 13.o salário e a situação voltou a ser
confortável.
Providenciou-se outro cajado, mas o funcionário que não entendia
nada de presépio, não sabia qual imagem portava tal instrumento. A cada dia que este blogueiro passa por lá, o cajado está em mãos diferentes (compare as duas fotos deste blog).
Uma porção de idosos que nada faz a não ser falar mal da
vida alheia e ver as mulheres bonitas passando pelo calçadão teve assunto para o mês. O presépio fora objeto de uma presepada.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor.
Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
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