Por Maíra Streit - Revista Fórum
Saia, batom, brincos e bigode combinados com uma voz poderosa e um suingue único. Impossível ficar indiferente a Liniker, a nova sensação da black music brasileira. O jovem de Araraquara, no interior de São Paulo, parece ter uma vida comprida para os seus vinte anos. E uma maturidade artística de dar inveja a muitos veteranos.
Saia, batom, brincos e bigode combinados com uma voz poderosa e um suingue único. Impossível ficar indiferente a Liniker, a nova sensação da black music brasileira. O jovem de Araraquara, no interior de São Paulo, parece ter uma vida comprida para os seus vinte anos. E uma maturidade artística de dar inveja a muitos veteranos.
Como influências, aparecem Clube do Balanço, Cartola,
Caetano Veloso, Gal Costa, Etta James, Nina Simone, mas também os músicos da
família, que cresceu ouvindo e admirando. A mistura disso tudo deu origem a um
som que chama cada vez mais a atenção do circuito alternativo graças ao EP
“Cru”, lançado em outubro com apenas três canções.
Os vídeos de “Louise Du Brésil”, “Zero” e “Caeu”
conquistaram milhões de visualizações em poucos dias, marco que ele divide com
a banda formada por Guilherme Garboso (bateria), Márcio Bortoloti
(trompete/trombone), Paulo Costa (baixo), Rafael Barone (baixo/guitarra),
Willian Zaharanszki (guitarra) e as backing vocals Bárbara Rosa, Ekena Monteiro
e Renata Santos.
As composições, todas autorais, trazem como tema as relações
humanas e, sobretudo, o amor. Ainda na adolescência, Liniker acumulava cartas
escritas a outros rapazes, mas que nunca foram entregues.
Liniker e sua banda |
A vontade de
expressar seus sentimentos se transformou em matéria-prima para músicas
delicadas que ganharam uma roupagem dançante e elementos cênicos na
apresentação, herdados das aulas de teatro.
A necessidade de se mostrar ao mundo surge também como uma
forma de resistência. O visual andrógino, unindo referências masculinas e
femininas, vem para quebrar estereótipos e desafiar as mentes mais
conservadoras. “Deixa eu bagunçar você”, ele anuncia – e cumpre – em uma de
suas letras. É em meio a essa bagunça que abre espaço para discussões profundas
a respeito de identidade de gênero, liberdade e aceitação.
“Noto que a representatividade é importante, sim, e me permito ser voz para tentar mudar alguma coisa” |
Confira a entrevista a seguir.
Fórum – Você costuma dizer que seu corpo é um corpo
político. Qual a importância dessa desconstrução de gêneros nos tempos atuais?
Liniker – Eu desconstruo e construo para ter espaço de ser
quem eu sou e acredito. Desconstruir para renovar e inovar os padrões tão
intrínsecos na nossa sociedade, e para abrir outras possibilidades de
pensamentos e de acabar com os estereótipos. Já me permiti a não me definir
mais e ser quem eu quiser ser e quando e enquanto eu quiser ser. Minha
liberdade de escolha é só minha.
"Minha liberdade de escolha é só minha" |
Fórum – As discussões em torno da pauta LGBT têm adquirido
força, mas a intolerância ainda é uma realidade cruel. Como você lida com a
questão do preconceito?
Liniker – Sinto que quando o desrespeito vem, é preciso se
empoderar duas vezes mais. Pra mostrar que não é qualquer coisa que bota a
gente pra baixo, se colocar é preciso. É claro que quando eu sinto que estão
sendo preconceituosos comigo eu fico mal, mal por ter tanta gente pensando
pequeno e não se permitindo expandir as realidades. No meio disso tudo, noto
que a representatividade é importante, sim, e me permito ser voz para tentar
mudar alguma coisa no meio disso tudo. Já existem vários movimentos à frente, e
eu fico muito feliz e representado.
Fórum – Sua música se espalhou pelas redes sociais e os
vídeos conquistaram milhões de visualizações em poucos dias. Quais os desafios
e as vantagens de ser um artista independente?
Liniker – Ir contra o fluxo já é um grande desafio, ganhar tanta
visibilidade e chegar em tantos lugares diferentes é um reflexo de que quando
há movimento e vontade de fazer, o trabalho rola. O público foi o real
responsável por tudo ir como está indo também. Desde o primeiro lançamento dos
vídeos, nós já vimos que havia pessoas interessadas em saber quem nós éramos e
acompanhar o nosso trabalho como ele era, por se sentir parte de alguma coisa
que existe nele. Isso me motiva muito e me dá vontade de fazer mais e mais.
"Noto que a representatividade é importante, sim, e me
permito ser voz para tentar mudar alguma coisa"
“Noto que a representatividade é importante, sim, e me
permito ser voz para tentar mudar alguma coisa” (Foto: Reprodução/Facebook)
Fórum – E vem álbum novo em 2016? Fale um pouco sobre os
projetos para esse ano.
Liniker – Sim! Nós lançaremos o nosso primeiro álbum em
junho desse ano: REMONTA. É um álbum que fala muito com o coração, é como se eu
estivesse abrindo uma caixinha de sentimentos e botando pra germinar por aí.
Entramos em turnê agora e temos uma agenda bem legal de shows para esse ano.
Estamos esperançosos e trabalhando bastante. Tá sendo lindo. Estamos por aí.
Fotos:reprodução/Facebook
Um comentário:
Bem, melhor que os sertanejos universitários da vida, Luan Santana et caterva,ele é. Marca pelo balanço , pelo visual mas é só.
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