Tijolaço conta que o Papa Francisco determinou a transferência de dom Darci José Nicioli da função de bispo-auxiliar de Aparecida do Norte para a de bispo de Diamantina, em Minas Gerais; em sermão no último domingo, dom Darci pediu para os fiéis "pisarem na cabeça da jararaca", em referência ao ex-presidente Lula; "Francisco é argentino e sabe muito bem o que acontece nas rupturas democráticas. Morrem pessoas, destrói-se o convívio, excomunga-se a paz", afirma o jornalista Fernando Brito
9 DE MARÇO DE 2016
Por Fernando Brito, do Tijolaço - O Papa Francisco mostrou
que é rápido com o Báculo de São Pedro e deu de imediato uma arrumada no
rebanho, com a transferência de D. Darci José Nicioli da função de
bispo-auxiliar de Aparecida do Norte para a de bispo de Diamantina, em Minas
Gerais, sua terra.
Não foi uma punição, mas uma sinalização e o próprio D.
Darci deve ter percebido que passou do tom.
D. Darci tem todo o direito de apoiar ou criticar este ou
qualquer governo.
Mas não está a altura da Igreja moderna insuflar os fiéis a
algo que possa ser entendido como ato de violência, muito menos invocando
passagens bíblicas para sustentar o que diz.
O bispo errou ao estimular, do púlpito, os fiéis "a
pisar sobre a cabeça de todas as víboras e de todos aqueles que se autodenominam
jararaca"
Isto é coisa para os Marcos Felicianos, que pregam o ódio e
a intolerância como marketing.
Seria o mesmo se um padre de esquerda sugerisse aos fiéis
pegarem o chicote contra os vendilhões do templo que querem entregar o petróleo
brasileiro.
Claro que não pretendo ensinar padre a rezar missa, mas
tenho todo o direito de aplaudir o gesto papal pela serenidade de ânimos.
Afinal, convivi com muitos religiosos, bispos até, e sempre fui respeitado em
minhas convicções, porque gente tolerante e humana.
Francisco é argentino e sabe muito bem o que acontece nas
rupturas democráticas.
Morrem pessoas, destrói-se o convívio, excomunga-se a paz.
Resistir politicamente, ocupar as ruas, protestar não é
apenas um direito, é um dever de cidadania.
Mas fazer provocação, insuflar a violência, mandar pisar e
esmagar... até eu que não creio sei que só pode ser um plano infernal.
Francisco vai se tornando um papa, pelo que fala e pelo que
faz, digno de admiração de todos, católicos ou não.
Aliás, mais que de admiração. Neste aspecto da conjugação da
firmeza com a serenidade tem sido um grande exemplo.
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