AGENDA CULTURAL

27.4.16

A construção da alegria


Hélio Consolaro*

“Posso não viver alegre constantemente, nem ficar esbanjando sorrisos, mas as poucas alegrias são doses certas de sucesso!”

Começar o dia bem-humorado é uma arte, mas também tão simples, basta querer, porque o normal é ser como o espanhol, povo bravo que, quando se levanta rindo, pega uma vassoura e começa a varrer contra o vento para voltar ao normal. Quem diz isso são os italianos, de quem sou descendente.

Dom Hélder Câmara, saudoso arcebispo de Olinda-PE, dizia que sua oração da manhã começava com a leitura do jornal. Pelo que se vê, não vive nos dias atuais. Se há alguma coisa que nos tira o bom humor na atualidade é o noticiário de TV, é começar mal o dia.

Como os habitantes da casa andam dividido, alguém já diz que a presidenta Dilma é sapata, outro responde que Aécio Neves é cheirador de cocaína e alguém acrescenta que Eduardo Cunha é o homem mais honesto do mundo. E o pau quebra. A política anda dividindo os lares. 

Não é o meu caso, porque a minha casa é uníssona. Falamos mal ou bem dos mesmos políticos. Assim mesmo, construir a alegria em nosso cotidiano precisa ser cultivado.

Nesta manhã fui chamado pela Helena, dizendo que a veneziana do terceiro quarto da casa estava com o trinco enguiçado. Não sou um homem dado às atividades manuais, mas fui tentar e descobri que a lingueta estava torta, era apenas puxá-la. E assim fiz e fui bem-sucedido. Esse pequeno sucesso foi o bastante para eu abrir-me num vasto sorriso de satisfação. Olha, caro leitor, como é simples buscar a alegria.

Fui para o alpendre da casa, abri o portão para sair com o carro, um rapaz risonho, cantando, passava pela calçada, deixando em cada casa um jornalzinho de ofertas de um supermercado. Nunca vi alegria tão intensa numa pessoa pobre, com afazeres simples. A minha felicidade se completou naquele momento.

Assim, cheguei ao meu trabalho tão risonho que meus colegas estranharam e riram também, assim fiz a cadeia da alegria ao meu redor. Veja que não precisei ganhar na loteria para deixar outras pessoas felizes.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras.

Um comentário:

Aline Silva disse...

Olá sr Consa. Fiquei feliz em descobrir seu blog. Cheguei em Araçatuba há 1 ano, mas pouco conheço da cidade, especialmente a área cultural que me parece ser bem escassa. Ainda me sinto deslocada e pouco ativa na cidade, gostaria de descobrir como contribuir e participar mais. Passarei a seguir e ler seu blog.

Grata,

Aline