Hélio Consolaro*
Cuspir na cara do outro. E eu pensei que esse costume primitivo dos tempos tribais tivesse sido esquecido. De repente, ele ressurge no Congresso Nacional, quando o deputado Jean Wyllys (PSOL) cuspiu em direção ao colega de casa Jair Bolsonaro (PSC). Sinal de que o clima entre nós não está bom.
Na minha infância, quando havia uma briga entre dois moleques, formava-se um roda em torno dos briguentos. Alguém punha a mão no meio e mandava:
– Cuspa aqui quem for homem!
Uma forma de atiçar o conflito e a briga terminar em sopapos. Se os dois cuspissem, com certeza as duas caras saíram melada do conflito. A cusparada não voltou em campos de futebol, mas na Câmara Federal. E está fazendo moda: a torcida do Corinthians escreveu: cuspa por nós. O ator José Abreu reagiu a uma provocação no restaurante cuspindo na cara de um casal.
Não percamos a cabeça. A política radicalizada, exacerbada é antessala da violência, da guerra. Queremos isso?
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
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