Maria Gadú sempre foi precoce. Paulistana da Vila Mariana
criada por uma mãe atenta e dedicada ao talento da filha, preferia a companhia
dos adultos da casa – e da música, que lá se ouvia, fique bem claro - a das
outras crianças.
Se esse traço da personalidade chegava a ser uma preocupação
para a sua mãe, D Neusa, à futura cantora Maria Gadú fez bem. Ao fazer de tudo
para aproximar os pequenos amigos da filha, enchendo a casa de atrações em
tinta, discos e brinquedos, D.Neusa propiciou o ambiente onde Gadú, sem saber,
iniciaria a sua formação artística em laboratório aconchegante e particular.
Na
companhia da mãe e da avó, Maria conhecia o repertório de cantores e cantoras
que a influenciariam: Carmem Miranda, Dolores Duran, Adoniran Barbosa, Maria
Bethânia, Caetano, Chico Buarque, Gal Costa.
Dona Neusa, ainda grávida, já “namorava” uma escola de música
para a filha estudar quando crescesse.... A Escola Municipal de Educação
Artística da prefeitura de São Paulo ajudou mesmo a Gadú, ainda na infância, a
dar os primeiros passos. Mais tarde, Gadú não conseguiria de adequar a nenhum
método formal de música.
Contraditoriamente, Gadú estudaria sua própria voz e
criaria suas próprias técnicas, através de livros de métodos vocais de jazz e
soul, sozinha, em frente ao espelho. Autodidata também para instrumentos,
aprendeu a tocar piano e violão.
Aos 4 anos ela não titubeou quando viu um músico, em um
shopping, largar o piano e descansar para o intervalo.
Sentou-se no banquinho
como se tivesse chegado sua vez e tocou um trecho de Chopin. Estupefata, a
platéia da praça de alimentação perguntou a ela o que era aquilo. Maria
respondeu: “a música do gás”. Já aos 8, tocava piano e violão e chamava a prima
para a fazer a segunda voz nas canções que queria gravar.
A outra criança não
entendia o que fazer e seguia a voz de Maria, que chorava de raiva, dizendo:
“Não me imite, canta diferente.!”. Com 12 anos, na paradisíaca Ilha Grande
compôs “Shimbalaiê”, MPB de levada afro, uma das músicas mais populares de seus
shows, que carrega o verso: “quando mentir, for preciso, poder falar a verdade”
.
Após a adolescência e a longa passagem pela formação da escola que é tocar em
barzinhos, resolveu ir para a Europa com um amigo percussionista para se
apresentar em festivais de música independente. Após passagem, de agosto a
outubro, pela Itália e Irlanda tocando em festivais, casas e shows e até na
rua, Maria Gadú retornou ao Brasil para festas de fim de ano, com o objetivo de
rever a família e rapidamente se organizar para voltar a Europa. Resolveu
passar a virada do ano no Rio, para rever alguns amigos, e daqui não saiu mais,
fazendo shows e desenvolvendo a carreira na cidade.
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