AGENDA CULTURAL

6.6.16

Escolher a biografia do candidato

Hélio Consolaro*

Segundo, Talita Bedineli, no jornal El País, o furacão Lava Jato chegou ao seu equilíbrio devastador, não sobra ninguém, atingiu todos os partidos.

Reproduzo, abaixo o primeiro e o último parágrafo de seu texto:   

“Renan, não sobra ninguém, Renan! Do Congresso, se sobrar cinco ou seis, é muito.Governador, nenhum”. A frase, dita pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado em uma conversa gravada com o presidente do Senado, Renan Calheiros, pode até ser exagero. Mas poderia muito bem representar a percepção do brasileiro em relação ao sistema político atual. O que até pouco tempo parecia se concentrar mais no PT, se esparramou para as principais legendas. Conforme as investigações da Operação Lava Jato, iniciada em março de 2014, avançam e se aproximam da casta política dos partidos tradicionais, que sempre pareceu intocável. A sensação é de que o sistema político brasileiro parece estar à beira de um colapso e, com seus principais nomes sob suspeita, enfrenta danos cada vez maiores a suas imagens. E a pergunta que fica é: os partidos conseguirão sobreviver a isso?"

E depois, a autora continua:

"Nas conversas do ex-ministro Romero Jucá gravadas pelo ex-presidente da Transpetro fica claro que os próprios políticos já estão cientes das dificuldades que enfrentam perante a opinião pública. 'Nenhum político tradicional ganha eleição, não', diz ele a Machado. Em outro trecho, ele sugere que a operação Lava Jato tem o objetivo de começar do zero a política brasileira. '[Eles querem] acabar com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta'. A frase é irônica, mas muitos brasileiros talvez concordem com a intenção."

E nós estamos num processo eleitoral nos municípios, essa apatia gerada pelas denúncias da Lava Jato e da nova legislação eleitoral, nem parece que teremos eleição em 2 de outubro deste ano. Tudo muito quieto, empurrando as decisões.

Se ninguém pode ser candidato sem ter partido, como em todas as legendas há gente comprometida com a cultura da corrupção que permeia a política brasileira, nem podemos ficar sem dirigentes, então trocar de partido nada resolve, o melhor método de o eleitor escolher os administradores de nossos municípios (prefeito e vereadores), enquanto a mudança do modelo não vem, é conhecer bem a biografia, a vida, do candidato (ou candidata). 

Lógico que cada eleitor, grupos de eleitores ou classe social tem o perfil de seu candidato que combina com seus interesses, independente disso, olhe bem a vida do candidato ou candidata. 

Esse negócio de ele não ser um bom sujeito, mas é meu amigo ou ele é corrupto, mas defende os meus interesses, não pode prevalecer. Não basta ser bom, precisamos transforma a nossa boa intenção em estratégia, em tática.  

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Vereador de 1983-88 e secretário municipal de Cultura de 2009-2016. Pré-candidato a prefeito de Araçatuba-SP 

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