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(fotografia meramente ilustrativa) |
Hélio Consolaro*
“O pintor Luiz Antônio dos Anjos, 46 anos, morreu na manhã
desta sexta-feira (8) após cair do oitavo andar de um prédio em construção, no
bairro Morada dos Nobres, em Araçatuba. O acidente aconteceu quando ele estava
a uma altura de cerca de 20 metros.
Segundo a empresa Tecol, responsável pelo empreendimento, ao
iniciar suas atividades de pintura externa, como de costume, Anjos amarrou seus
equipamentos de segurança na estrutura de sustentação do prédio e, ao descer, o
nó dado à corda guia e à de sustentação do balancim se desfez, gerando a queda”
(jornal O LIBERAL, 8/7/2016).
O nome era dos Anjos. Ganhava a vida pintando as cidades, ou
melhor, construía as cidades, deixando-a com arranha-céus. Não era um artista
plástico, era apenas um pintor, mas fazia a plástica nas paredes para receberem
lindos quadros.
O sobrenome “dos Anjo” nunca foi um sobrenome de peso aqui
entre nós com pés ficados na terra. A Terra não era justa com “dos Anjos”
Ao noticiar a sua queda do 8.º andar, a imprensa informou
que ao voar usava todos os equipamentos de segurança que determinava a lei,
apesar de anjo, não acreditava muito nas suas asas. Ou acreditava, por isso não
se amarrou bem. Não sei, só ele sabe o que aconteceu.
Não sei se vai merecer um voto de pesar da Câmara Municipal
ou se o prefeito da cidade determinou a colocação das bandeiras a meio pau. Mas
isso é coisa de somenos, com certeza, os anjos do céu esperavam-no e quando
chegou, as trombetas soaram em homenagem à sua recepção. Houve até arautos.
Não conheci "dos Anjos" em vida. Não sei se tinha casa, pelo menos
uma casinha no programa “Minha Casa, Minha Vida”. Certamente era como o cidadão
da música de Lúcio Barbosa, construía escolas, mas o filho não podia estudar
lá.
A minha frustração, Luiz Antônio, por não termos construído
a justiça entre nós. “Dos Anjos” pode ser um sobrenome não tão importante por
aqui, mas, com certeza, fora recebido com festa lá no céu. Nosso consolo é
este: sofrer aqui na Terra para ser rei no céu. Não se vive sem sonhar.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Membro
da Academia Araçatubense de Letras.
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