Cidade de Gabriel Monteiro |
Hélio Consolaro*
Esse negócio de cidade grande é bem norte e sul-americano,
na Europa gostam de aldeias. Aqui ninguém quer morar numa aldeia, morar em
cidade pequena é pejorativo.
Uma cidade pequena com tudo bem arrumadinho, sem
transtornos, é como se fosse um pedacinho do céu. Onde todos estão bem
colocados.
Há um sonho meio besta de querer transformar nossas cidades
em grandes urbes para a vida ficar mais difícil, para que haja mais violência.
Alguns dizem que Araçatuba precisa crescer, ser como Rio Preto. Sonho
provinciano.
Minha cidade ideal é aquela em que as pessoas vivam felizes,
com todos os recursos, aprimorando os equipamentos existentes, por suas ruas
prefeitos e vereadores passeiam como amigos da população, onde os direitos
humanos e as necessidades estão quase todos atendidos.
Mas há uma febre desenvolvimentista, um sentimento
bairrista, que se um prefeito disser que não quer o desenvolvimento de seu
município a qualquer custo, a vida dele vai virar um inferno. Se nem a parte
mais velha da cidade está com tudo resolvido, vamos criar mais loteamentos,
mais conjuntos habitacionais.
Outro dia, o jornal Folha da Região, fez uma entrevista com
o prefeito Coca, Vanderlei Mendonça, de Gabriel Monteiro (2.705 habitantes), município vizinho de Araçatuba,
que está bem classificado com um dos melhores lugares no Índices de desenvolvimento humano do Brasil.
Para minha alegria, para me contradizer, ele está apavorado,
porque as pessoas estão se mudando para lá. A notícia é boa, mas pode ficar
ruim, porque, com a divulgação da boa qualidade de vida na cidade, muitas
pessoas têm se mudado para lá, antes mesmo de conseguir um emprego, segundo
ele. Assim, o pedacinho de céu, poderá virar um pedacinho de inferno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário