O capitalismo, pela supervalorização do dinheiro, é corrupto por natureza.
Hélio Consolaro*
A página está branca na tela do computador, estou sem
coragem. Não que eu esteja frustrado com tanta notícia ruim, porque sou cético
por natureza.
Sempre houve corrupção, mas chegamos a um nível que o Maluf
virou amador. O capitalismo, pela supervalorização do dinheiro, é corrupto por
natureza.
Por mais erros que tenha cometido a Operação Lava Jato, só com
ela realizo um sonho: não só o corrupto (no caso, o político) deve ser preso ou
pichado, mas também o corruptor (o empresariado), o principal agente.
Os fatos sociais e políticos têm uma dinâmica própria. Por
mais que a Lava Jato tenha surgido para pegar a corrupção do PT, o puxa aqui,
esconde ali, não houve jeito de evitar a metralhadora rotatória com suas
rajadas aos 360 graus. Chegamos a um ponto que petistas e tucanos estão no
mesmo nível, logo teremos as feridas do Judiciário expostas.
Sempre digo em rodas de conversa de gente metida a idealista
(religião ou ideologia), que não há humano incorruptível, todos têm o seu preço
e, segundo o sambista, o cachorro é o melhor amigo do homem porque não conhece
dinheiro, quase me matam.
E qual é a saída, me perguntam? É a construção da cidadania
via educação, todos nós precisamos ficar vigilantes, um tomando conta do outro
para que o nosso egoísmo não chegue à barbárie, diminuindo a usurpação e a
corrupção.
Somos maus por natureza, o monoteísmo nos tentou colocar
como filhos do mesmo Deus para que considerássemos como irmãos. Apesar da
tentativa, a exploração do homem pelo homem nunca foi eliminada, ela invadiu os
templos.
Não sou ateu, por isso digo que o ser humano é um projeto
que foi abandonado por Deus, pois saiu de seu controle, desanimou a divindade,
atingiu a sua ira.
Nem sempre sou tão cético, às vezes tenho recaídas de
otimismo, como achar que, com todo o trauma que vivemos atualmente, estamos construindo um país sob a
égide da ética. Só isso não basta, mas é um bom começo.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor.
Um comentário:
Quanto a perguntar se há alguém em que ainda possamos confiar, vem a lembrança a passagem bíblica quanto a destruir Sodoma e Gomorra: "Abraão era amigo de Deus e amigos são confidentes, então Deus resolveu contar a Seu servo os planos que Ele tinha de destruir duas cidades: Sodoma e Gomorra. Tudo aconteceu na mesma ocasião em que Deus mandou os anjos anunciarem o nascimento do filho de Abraão e Sara, o filho da promessa.
Deus anunciou a Abraão Sua sentença contra as cidades da campina do Jordão e disse: “Porquanto o clamor de Sodoma e Gomorra se tem multiplicado, e porquanto o seu pecado se tem agravado muito, Descerei agora, e verei se com efeito têm praticado segundo o seu clamor, que é vindo até mim; e se não, sabê-lo-ei.” (Gênesis 18:20-21).
O pecado de Sodoma e Gomorra se multiplicou de tal maneira que chegou até a presença santa de Deus, então Ele enviou dois anjos para constatar o que de fato estava acontecendo por lá. Os anjos saíram em direção à campina do Jordão, mas Abraão ficou na presença de Deus. O sobrinho querido de Abraão, Ló, morava em Sodoma e ele se preocupou com o destino da cidade e perguntou ao Senhor: “Destruirás também o justo com o ímpio?" (Gênesis 18:23).
Abraão conhecia Deus e sabia de Sua Justiça, por isso continuou perguntando: “Se porventura houver cinqüenta justos na cidade, destruirás também, e não pouparás o lugar por causa dos cinqüenta justos que estão dentro dela?” (Gênesis 18:22-24). Cinquenta justos seriam mortos junto com os ímpios pecadores de Sodoma?
Houve um instante de silêncio, então Abraão apelou ao Senhor e disse: “Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?” (Gênesis 18:25). Não faria justiça o Juiz de toda a terra? Deus respondeu e disse: “Se eu em Sodoma achar cinqüenta justos dentro da cidade, pouparei a todo o lugar por amor deles.” (Gênesis 18:26).
Abraão agora tinha a garantia de Deus de que cinquenta justos poupariam a vida de todos em Sodoma, só tinha um probleminha: Abraão conhecia a cidade e seus pecados cabeludos e não estava certo de que tinha tanta gente boa assim em Sodoma, então ele tornou a perguntar: “Se porventura de cinqüenta justos faltarem cinco, destruirás por aqueles cinco toda a cidade?” (Gênesis 18:28). Deus respondeu que se houvesse quarenta e cinco justos em Sodoma Ele não destruiria a cidade.
A conversa continuou e Abraão foi diminuindo o número de supostos justos em Sodoma. De cinquenta foi para quarenta e cinco, depois para quarenta, depois para trinta, depois para vinte, até chegar a dez justos e Abraão teve a garantia do Senhor de que dez justos em Sodoma poupariam da morte toda a cidade.
Na verdade não havia dez justos em Sodoma, o número exato se resumiu a Ló e sua família, quatro pessoas. Deus destruiu Sodoma, mas mandou os dois anjos salvarem a vida de Ló e sua casa e assim foi feito."
E quanto a nós, ficamos na expectativa do que ainda está por ser revelado...
Postar um comentário