Foto: Folha da Região
Casa incendiada em Birigui |
Hélio Consolaro*
Podemos analisar o
fato de vários ângulos.
ÂNGULO 1: fazer
queimadas em área urbana, onde a interdependência física das pessoas é muito
próxima, é uma temeridade, revela falta de cuidado com a vida do outro. As
pessoas com resquício de cultura rural se comporta como se ainda morasse na
roça. Não é possível falar que "Deus não teve pena de mim" quem dá
sopa para o azar.
ÂNGULO 2: deixemos a
racionalidade de lado e o coletivo e partamos para uma visão individual de
fatalidade sobre a vida. Essa visão, para usar uma nomenclatura da moda, é
holística. Tudo está relacionado, basta ter olhos para perceber isso.
Ao ler a manchete do
jornal, me veio um ímpeto. Chamei um amigo e lhe disse:
- Você insistiria no
casamento depois dessa fatalidade, se fosse o noivo?
Ele respondeu:
- Eu não!
Queimar tudo aquilo
que ia ser usado no casamento, é muita coincidência. Exige uma reflexão, pois
dizem os espiritualistas que Deus se revela nos fatos e que os milagres e as
desgraças precisam ser lidos como um recado.
ÂNGULO 3: em termos
materiais, a população está se mobilizando em campanha de solidariedade para
repor as perdas, tendo como posto de arrecadação a Guarda Municipal de Birigui.
Pode ser que o incêndio veio mostrar que o surgimento de um novo casal deve ser
compartilhado por toda a comunidade, como está acontecendo agora. É uma
hipótese.
ÂNGULO 4: uma visão
humorística sobre o fato, aliás, o humor é o tempero da vida. A noiva e o noivo
estavam num fogo antes do casamento que chegou incendiar a casa.
Não conheço a família
nem os noivos, moradores de Birigui, mas o cronista não foge dos assuntos mais
polêmicos e obscuros, mete a sua colher de pau, torta, em todos os assuntos.
Estou apenas mostrando que os acidentes e os incidentes de nossa vida exigem
uma leitura acurada. Assim se descobre a arte de viver.
*Hélio Consolaro é
professor, jornalista e escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras.
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