AGENDA CULTURAL

13.9.17

Incêndio em Birigui

Foto: Folha da Região
Casa incendiada em Birigui
"Um incêndio em residência, ocorrido na tarde da última sexta-feira (8), frustrou os planos de um casal que estava com o casamento marcado para o próximo dia 23/09/2017, em Birigui. As chamas queimaram tudo o que havia na casa, incluindo o vestido da noiva e o dinheiro para pagamento do bufê." (FR, 12/09/2017)

Hélio Consolaro*

Podemos analisar o fato de vários ângulos.

ÂNGULO 1: fazer queimadas em área urbana, onde a interdependência física das pessoas é muito próxima, é uma temeridade, revela falta de cuidado com a vida do outro. As pessoas com resquício de cultura rural se comporta como se ainda morasse na roça. Não é possível falar que "Deus não teve pena de mim" quem dá sopa para o azar.

ÂNGULO 2: deixemos a racionalidade de lado e o coletivo e partamos para uma visão individual de fatalidade sobre a vida. Essa visão, para usar uma nomenclatura da moda, é holística. Tudo está relacionado, basta ter olhos para perceber isso.   

Ao ler a manchete do jornal, me veio um ímpeto. Chamei um amigo e lhe disse:

- Você insistiria no casamento depois dessa fatalidade, se fosse o noivo?

Ele respondeu:
- Eu não!

Queimar tudo aquilo que ia ser usado no casamento, é muita coincidência. Exige uma reflexão, pois dizem os espiritualistas que Deus se revela nos fatos e que os milagres e as desgraças precisam ser lidos como um recado. 

ÂNGULO 3: em termos materiais, a população está se mobilizando em campanha de solidariedade para repor as perdas, tendo como posto de arrecadação a Guarda Municipal de Birigui. Pode ser que o incêndio veio mostrar que o surgimento de um novo casal deve ser compartilhado por toda a comunidade, como está acontecendo agora. É uma hipótese.

ÂNGULO 4: uma visão humorística sobre o fato, aliás, o humor é o tempero da vida. A noiva e o noivo estavam num fogo antes do casamento que chegou incendiar a casa.

Não conheço a família nem os noivos, moradores de Birigui, mas o cronista não foge dos assuntos mais polêmicos e obscuros, mete a sua colher de pau, torta, em todos os assuntos. Estou apenas mostrando que os acidentes e os incidentes de nossa vida exigem uma leitura acurada. Assim se descobre a arte de viver.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras.



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