Hélio
Consolaro*
Dia 8 de
março é o Dia Internacional da Mulher, março é o mês, mas devia ser mesmo o ano
inteiro, pois em todos os dias as mulheres precisam ser respeitadas.
Vão dizer por aí que escrevo isso aos 70 anos, não faria o mesmo aos 40. A minha formação de berço é machista, mas aos poucos fui tirando isso de mim. No momento, há bem pouco.
A questão do
feminismo precisa ser discutida com mais ponderação, sem frases feitas,
chavões, havendo um diálogo entre homens e mulheres. Aliás, se agregam ao “feminismo”
muitas coisas negativas à palavra.
Em certos
momentos, as ideias e ações se radicalizam porque a realidade se aguça. Na
construção de nossas relações, a mulher ficou numa situação inferior, então
surgiram as pioneiras, as revolucionárias que denunciaram todo tipo de
exploração da mulher e a violência contra ela. Você deve já ter ouvido no ato "Queima dos Sutiãs", ocorrido em 1968, nos EUA.
Nesses
momentos, a firmeza de propósitos se faz necessária para que as coisas mudem.
Radicalismo, feminismo não podem virar um cacoete desgastante.
Assistindo a
uma reportagem no canal de TV “Curta!” sobre os artistas plásticos cubanos, vi
uma fotografia artística de Rene Peña que me chocou. Na foto, havia um homem nu
de perfil com uma faca afiada entre as pernas, como se fosse um pênis. Para
Peña, a foto não é apenas para reproduzir a realidade, mas interpretá-la.
Então, o fotógrafo queria mostrar que o pênis às vezes é uma arma de acuo à mulher
em vez de representar o amor.
Ao procurar a
foto de Rene Peña na internet, achei também o desenho de um homem, de costas, nu,
que por trás via-se que seu pênis era uma garrafa de cerveja. O objetivo da imagem era a propaganda de uma cerveja norueguesa, mas me revela a ligação entre sexo e alcoolismo, pois as
drogas alimentam também os bacanais; como também o machismo, pois há homens que
surram suas famílias ao chegarem bêbados em casa.
Podemos entregar
flores às mulheres, beijá-las, presenteá-las no Dia Internacional da Mulher,
mas antes devemos mostrar a elas respeito e consideração.
*Hélio
Consolaro é professor, jornalista e escritor.
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