A barreira ética homem/animal deve cair; será estendendo ao animal a proteção de princípio da qual o homem se beneficia, ou retirando do homem essa proteção? (Edgar Morin)
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
Um cachorro vira-lata foi morto por um segurança no supermercado Carrefour, em Osasco-SP em 4 de dezembro de 2018, e desencadeou uma onda de comoção nacional.
Agora, em 15 de fevereiro de 2019, Pedro Henrique Gonzaga, um vira-lata também, "pária da sociedade", foi assassinado na madrugada no supermercado Extra, Bairro da Tijuca, Rio de Janeiro, após ser atingido por um golpe de mata-leão por um segurança do local.
O assassinato não ganhou contorno racista porque os dois, assassino e assassinado, eram afrodescendentes.
Os dois fatos me fizeram lembrar que a Igreja Católica durante a escravidão negra, para justificar aquela selvageria, afirmava que os negros não eram gente, nenhuma semelhança com Deus.
Não vou pegar detalhes para aliviar um e sobrecarregar a culpa do outro, sem teoria da conspiração. No supermercado Carrefour, um segurança matou um animal; no supermercado Extra, matou outro animal que costumamos nos chamar de racional. Outra ironia de nosso sistema: os dois seguranças guardavam patrimônios alheios.
Vou seguir, caro leitor, a argumentação de Edgar Morin: homem-animal; homem- homem. Quatro vidas animais.
Há uma máxima que nem sempre é verdadeira: quem trata bem os animais, sem aquele apego doentio, respeita também seus semelhantes.
Não tenho animais presos em casa, nem gato e nem cachorro. Sou presidente da Associação dos Criadores de Pardais. Pássaros livres e sem valores no mercado.
Aos poucos estamos chegando às teses de São Francisco de Assis: os animais são nossos irmãos, ou melhor, todos os seres vivos. É mais ou menos o que diz Edgar Morin. A única barreira é a tal da cadeia alimentar.
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