Adilson Durante Filho
Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
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Mensagem racista de WhatsApp:
“Esses caras, têm que desconfiar de todos. Todos que tu conhecer. Essa cor é uma mistura de uma raça que não tem caráter. É verdade, isso é estudo. Todo pardo, todo mulato, tu tem que tomar cuidado”. Adilson Durante Filho, secretário-adjunto de Turismo do município de Santos-SP e conselheiro do Santos F.C.
Gregório de Matos |
Gregório detestava mulatos. E naquela época de escravidão, em que negros não eram considerados como gente, o racismo era a regra. Veja o terceto abaixo:
Muitos mulatos desavergonhados
Trazidos sob os pés os homens nobres
Posta nas palmas toda a picardia (GM)
Segundo explicações do professor Fernando da Rocha Peres: "A hostilidade de GM aos negros e mulatos, principalmente a estes últimos, é uma constante em sua satírica.
Frutos do produtivo entrelaçamento étnico, os mulatos proliferavam
em quantidades assustadoras. Alguns eram protegidos pelas casas grandes como já
foi dito, vivendo um ambiente onde podiam assimilar padrões de comportamento e educação. Adquiriam os mulatos uma
psicologia própria, assumindo atitudes novas perante a vida. Diferenciados do
branco e do negro, portadores de padrões novos, tendem a ascender
socialmente e a
assumir uma individualidade que os distingue".
A fala de Adilson Durante Filho me remeteu também a Macunaíma, de Mário de Andrade, cujo brasileiro é tipificado como um "herói sem nenhum caráter" pelo personagem principal.
Aquilo que Gregório de Matos fez na Bahia no século 17 não pode ser repetido agora, porque vivemos em momentos diferentes, numa civilização menos bárbara, mas há gente ainda com a mentalidade escravocrata.
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