AGENDA CULTURAL

27.4.19

O sucesso, a mitificação e a CPI - Alberto Consolaro

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 Deputados paulistas criam e instalam CPI para intervir nas universidades!

Para um profissional ter sucesso, ser bom tecnicamente é apenas ponto de partida! Para ter sucesso se requer uma condição básica: comunicar e interagir muito bem com as pessoas. Não adianta ser tecnicamente bom, saber tudo de informática e redes sociais. O sucesso virá se conquistar as pessoas, precisamos do outro para tudo. Haverá de ter abraço, ternura, elogios e críticas. O contato pessoal é insubstituível!
A mitificação faz parte do sucesso das pessoas que admiramos. Hoje, para mitificar, requer-se transparência em ações e reações. Todo lado obscuro será clareado, tudo se sabe, tudo de espalha. Não há mais como manter a chamada “boca pequena” onde apenas alguns ficam sabendo; impossível, hoje tudo se sabe de todos! Se achas que que tens algum lado obscuro, esqueça todos sabem, apenas fingem que não! Quando conveniente, vão divulgar tudo! O sucesso pessoal e institucional vem com comunicação adequada, interação intensa e afetividade sincera, mas acima de tudo absoluta transparência. Ninguém aguenta mais coisas misteriosas!

CAIXA PRETA

Alguns deputados da Assembleia Legislativa diziam, e dizem, que nas universidades estaduais paulistas existe uma caixa preta cheia de coisas erradas! Informações difundem-se na rede social, os comentários aumentam, omitem, mentem e viram uma bola de neve que cresce descendo a montanha. Neste mês instalou-se uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar e mudar o que ocorre na Usp, Unicamp e Unesp. Pode se dizer: deixem investigar, quem não deve, não teme! Até chegar ao fim deste processo “investigativo”, muitos “fake news”, mentiras, boatos e maldades vão rolar. Talvez isto faça parte de um preparo para a privatização.
Primeiro detrata e desvaloriza o que se deseja abocanhar. Usp, Unicamp e Unesp são mitificadas pelos jovens e exemplos de sucesso! Depois o governo “assume”, investe muito e privatiza para os amigos dos políticos, incluindo governadores e presidentes, usufruírem dos lucros por 25 a 50 anos. Assim foram com telefônicas, bancos, energias, estradas, aeroportos e será com correios, Petrobrás e outras: o roteiro é sempre o mesmo!

CIENTISTAS

Pesquisa da professora brasileira de ciência política da “London School of Economics” Flavia Donadelli, evidenciou que os cientistas têm pouca voz na formulação de políticas públicas no Brasil e que o uso de argumentos científicos é muito superficial ou ausente. Não há qualquer evidência científica relevante nas políticas de governo, apesar das pesquisas e debates realizados. Os políticos simplesmente ignoram os cientistas! Os cientistas e acadêmicos se comunicam mal com a sociedade, não interagem, não valorizam a divulgação cientifica e não são transparentes com suas contas para que sejam pesquisadas pelo público.
Para James Fraser Stoddart, Nobel de Química, é hora de cientistas tirarem a cabeça de baixo da terra e lutarem contra o desprestígio que a ciência vem sofrendo, sendo absolutamente necessário a presença ativa e contundente de mais cientistas na política. Um exemplo é a física Ângela Merkel na Alemanha. Cientistas e professores tem que tomar lado nas questões nacionais, se posicionarem e debater na mídia! É explicar e propor soluções baseadas em ciência.


Para Stoddart, estamos voltando para trás com bárbaros e ignorantes assumindo o comando em alguns países! Isto faz Trump e outros questionarem a universidade e ciência, dizendo que a terra é plana, que o sol não é o centro, viemos de Adão e Eva, que aquecimento global não existe e que meio ambiente é coisa de comunistas.

POR QUÊ?




Infelizmente, poucos se formam nas universidades públicas. No comando social estão agora os formados em entidades privadas que questionam o funcionamento das universidades públicas onde se pode praticar a ciência na sua plenitude. Como não viveram a plena ambiência científica na sua formação e, agora como estão em postos de comando como deputados, querem ir a forra detonando a universidade pública falando que seus alunos, professores e cientistas são privilegiados!
A universidade precisa interagir, se comunicar melhor e ser absolutamente transparente com a sociedade! Ainda há tempo!

Observatório
COMO É? A Usp, Unicamp e Unesp são mantidas pelo estado que obrigatoriamente repassa 9,57% do valor arrecadado conforme definido na Lei de Diretrizes Orçamentárias anual, assim dividido: 5,03% para a USP, 2,34% para a UNESP e 2,2% para a Unicamp. Isto foi definido como autonomia financeira e administrativa das universidades, além da acadêmica que já existia. Foi uma conquista dos professores, servidores e estudantes das universidades com o Decreto n. 29.598/1989 do governador Orestes Quércia.

QUE QUEREM? As universidades têm liberdade para administrar os recursos de acordo com seu planejamento. Esta autonomia é um marco civilizatório na trajetória do ensino superior público brasileiro. Representou uma ruptura com a sujeição aos bel-prazeres dos governantes. A CPI da Alesp quer tirar esta autonomia e interferir nas universidades pela escolha política de seus dirigentes, especialmente reitores. A ingerência política partidária e de governantes nas universidades não acontece nos países democráticos.

Alberto Consolaro
Professor Titular
USP Bauru-SP

VOCÊ TERIA SEU CORPO CHIPADO ?

Chips para passar o cartão de visita no celular dos outros, para abrir a casa e ou estacionamento, para controlar a temperatura e glicemia, para destravar o computador ou celular. Ele têm 17 
no corpo, colocados com seringa debaixo da pele como revela a radiografia das mãos de Patrick 
Paumen! 

consolaro@uol.com.br

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