Avós maternos: Olívia e Vitório Fortin |
Outro dia me perguntaram se eu tive um relacionamento fraterno com meu avô Vitório Fortin, pai de minha mãe.
Respondi que talvez nem sei se ele se lembrasse de mim, porque teve 12 filhos e 10 enteados, portanto dezenas de netos, criou 22 criaturas. A casa parecia um "orfanato" só com os filhos, sem pensar nos netos. Naquela época, cada filho nascido eram braços para o trabalho; hoje, na cidade, é mais uma boca para sustentar.
Talvez me visse com certa atenção, o filho mais velho da Augusta, porque dei muito trabalho ao nascer, vim ao mundo por fórceps, mas nunca manifestou a mim nenhum apreço por isso. Então, eu era mais um naquela legião de netos.
Nas grandes famílias da zona rural de antigamente, a afetividade já era escassa por causa do jeito de vida e também pelo número de pessoas que as compunham.
Meu avô Vitório Fortin morreu viúvo, enterrou a sua terceira mulher. Naquela época as mulheres morriam muito no parto.
Quando ele se despediu do mundo, eu estava na adolescência, mas sempre via fotos dele como se ele fosse um velho.
De repente, minha mãe com 92 anos, vivíssima, me pede para copiar uma foto dele. Foto sempre vista, mas que ultimamente estava abandonada pelas gavetas.
Não sei se você, que é um avô, sujeito de 70 anos como eu, já passou por isso: ver a foto de seu avô e ser mais velho do que ele. Alcancei o vô Vitório, aliás, ultrapassei a sua longevidade.
Talvez seja apenas um problema meu, mas reparto com meus leitores, porque a arte tem essa prerrogativa de imitar a vida que tem grande semelhança entre nós.
Aquilo que escrevo nesta crônica, ou se passa na novela da TV ou filme, como também no romance lido pode ser parecido com o que está ocorrendo com você. Vamos nos encontrando nas narrativas alheias.
Fiquei pensativo, reflexivo ao ver a foto de meu avô. A imagem registrou um átimo do tempo e ficou presa numa gaveta, a minha vida continuou correndo pela estrada. Parece filosofia barata de para-choques de caminhão, mas foi um encontro fantástico.
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