Desenho de Myriam Gylon |
Sinais dos tempos! Loucos mal-intencionados tramam jogos
mortais. Governam ouvindo os gritos de torturados, a fome de milhares. Exaltam o ódio, latejando em cada veia, exigindo dores.
Nesses
jogos não importam os desfechos de tentar ir até o fim. Talvez o fim seja
agora: todos discursam saídas!
E eles gargalham, pernas abertas, diante da impotência dos discursos. Ossos
são partidos, esperanças são abortadas.
Monocromias
são construídas. Que importam as diversidades? A febre calcula sua intensidade:
deixar delirar ou aliviar os suores noturnos?
De manhã balem como carneiros, à noite resmungam como velhos
mortos. Fará algum sentido, sentir hoje as dores do mundo?
Parece não haver nenhum sentido jogar esse jogo imposto. Herdarão,
afinal, os maus, as terras, perguntam meus revoltados botões. Mas qual Terra? A de Elysium? Cá embaixo as dores da
senzala, lá em cima prazeres da casa grande!
Nos calabouços da ignorância vem risos: concordam! As memórias
escondidas revelando o Homo de hoje...
Esses/as que se calam com perdas de direitos? Que se tornam
cúmplice dos desertos que deixarão? Usam algemas, desculpas pela conformismo
esclarecido, vão às missas e cultos e saem exalando ódios e infâmias: entoam
hinos.
Em suas camas se
perdoam pelos seus silêncios, se culpam pelos pesadelos que estão a construir:
amam alguém? Ou será o apenas o medo de acordar novamente calados?
Não estamos proibidos de sonhar, do reunismo, dos teclados,
dos sofás. Mas as se somos agentes da luta, impõe-se o fazer, nas ruas.
Não apenas passageiros, sentados, impávidos nesse trem desgovernado, rumo à
barbárie.
Somos aqueles que seremos cobrados pela inércia do
conformismo ou pela covardia nossa de cada dia.
*Marcos Francisco Alves é professor aposentado da rede ensino estadual de São Paulo: +55 18 99744-0047. Setembro de 2019
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