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A palavra-chave é esta, o artista “vendido”. Gostamos de pensar que
nunca cairemos nessa, que nossos livros serão sinceros, verdadeiras obras
artísticas. Mas e aí? O que faremos com essa arte toda?
Precisamos de dinheiro. Escritor também é gente. Escritor precisa comer,
precisa pagar as contas, precisa de um teto. Escritor precisa arcar com as
ferramentas do seu trabalho: seja um computador com acesso a internet e energia
elétrica ou uma máquina de escrever com papel e tinta. Talvez seja só um
bloquinho de notas e uma caneta, mas até isso custa dinheiro.
E, é óbvio, todos merecemos viver com mais do que o mínimo do mínimo.
A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte. E a arte que
compramos dos outros também nos custa dinheiro.
Então, por que nós não merecemos ganhar esse dinheiro também? Por que
não merecemos ganhar pela arte que criamos, se criá-la nos custou dinheiro para
começo de conversa?
Tempo é dinheiro. O tempo que gastamos nos dedicando ao nosso livro é
um tempo que provavelmente poderíamos gastar trabalhando com outra coisa ou nos
dedicando à nossa saúde.
Você merece um retorno pelo tempo que passa escrevendo, tanto retorno
financeiro quanto retorno afetivo. É uma delícia ver como nossas histórias têm
a capacidade de tocar o outro. Como nossas palavras podem instigar, emocionar,
inspirar, ajudar, às vezes até perturbar, mas daquele jeitinho que a arte foi
feita para fazer. Para isso, precisamos encontrar nossos leitores.
Não existe nenhuma honra específica em morrer desconhecido e sem
dinheiro para pagar as contas. Sim, uma pessoa pode ter valor, ser honrada e
boa artista e terminar dessa forma, mas não é uma situação que deve ser
almejada. Olhe para Stephen King: o seu sucesso é grande parte do que permite
que ele tenha uma obra tão extensa.
O sucesso paga as contas. Quando pagamos nossas contas, podemos ter um
pouco de paz. Não precisamos viver com medo de perder o teto, não precisamos
racionar a comida que colocamos na mesa. Podemos pagar nossos remédios, a conta
do médico. Podemos investir na nossa saúde física e mental, praticar uma boa
atividade física, ir à terapia. Estabilidade financeira afasta problemas. O
escritor merece isso também.
Conquistar esse sucesso pode não ser simples. Para isso, o autor
independente, que trilha o caminho da autopublicação, precisa se desdobrar em
dois: o escritor e o empreendedor. Um escreve, o outro vende seu peixe.
O que precisamos aprender é que não há nada de errado em vender seu
peixe. Não há nada de errado em correr atrás e alcançar o reconhecimento pelo
bom trabalho que você fez como escritor.
Se tudo o que você deseja fazer é se dedicar a sua arte, tudo bem. Mas
não há nada de errado em trilhar um caminho diferente também.
A verdade é que, na maioria dos casos, o leitor não encontrará seu
livro sozinho. Ele precisa de alguém que o indique. No fim das contas, se o
leitor gostará ou não do que leu, isso sim depende do seu trabalho artístico
como escritor. Agora, se ele descobrirá que o livro existe para começo de
conversa? É a divulgação que o leva a isso.
Muitos ebooks são publicados diariamente. Os catálogos estão cada vez
mais lotados. Esses catálogos são organizados por algoritmos. Numa pesquisa
simples diretamente no site de vendas, a tendência é o título mais popular aparecer
primeiro.
E se o seu livro aparecesse de outra forma? O seu leitor ideal, aquela
pessoa que foi feita para ler seu livro, poderia ver um anúncio sobre o seu
ebook nas redes sociais. Ou quem sabe uma resenha em um blog literário, que só
aconteceu porque você, autor, tomou a iniciativa de enviar uma cópia do seu
livro para o blog. Talvez você tenha começado o seu próprio blog, que fala de
assuntos relacionados ao tema do seu livro, atraindo leitores ideais. Existem
caminhos. E todos são caminhos justos.
O que não é justo é você se dedicar tanto e só esperar retorno após a
morte. A vida é agora. E esperamos que você conquiste tudo o que merece hoje.
*Andreia Martinz:
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