AGENDA CULTURAL

29.11.19

Dona Cininha: uma vida simples

Dona Cininha 
Hélio Consolaro, professor, jornalista, escritor. Araçatuba-SP

Na hora de fechar o caixão é a apoteose de um velório feito nos moldes tradicionais: o sepultamento. O choro mais forte, os soluços de arrependimento mais amiúde, a despedida final daquele corpo com quem convivemos. A alma do morto é uma incógnita. Fica um pouco dela em cada um. 

Quem vai levar o caixão até o carro funerário? Em Penápolis, esse percurso ficou reduzido a passos, o translado em mãos de parentes.  Houve escassez de alças. Nada de desfilar com o morto pelas ruas da cidade. Bem que merecia a presença da Banda Municipal executando a marcha fúnebre.

A Dona Cininha (Alcina Carlos Damazo), mãe do professor e escritor Tito Damazo, cumpriu o combinado e cansou-se, faleceu aos 87 anos, depois de 25 anos de viuvez do marido Álvaro Ferreira Damazo (Beleu).

E tenho certeza de que morreu realizada, com amparo dos filhos. Uma vida sem glamour, verdadeira mãe, fez os melhores pratos com o que tinha disponível na despensa. 

Nunca trabalhou fora, verdadeira Amélia, mas teve quem carregasse o seu caixão. Essa é maior galhardia de um mãe. Tito, Fausto, Fabrício (Biça), Farides, Ângela, Angélica, Fabiano. Como verdadeiros templários da dignidade, desfilaram perfilados, carregando o corpo da mãe no esquife até o carro mortuário, pois fora sepultada em Avanhandava, onde nasceu. 

Não havia maior glória. A cena me comoveu.  

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