AGENDA CULTURAL

2.4.20

Como você enfrenta o imponderável? - Alberto Consolaro

O imponderável vem sem qualquer aviso!

“Caos” parece sinônimo de bagunça, mas apenas parece! Na grande explosão ou “big bang”, a energia organizada se distribuiu expansiva, coerente e constante. 

Inevitável e incontida, talvez por isto a chamamos de caótica. Quando a natureza passa por cima de nós, falamos: que tragédia! Que nada, é que tentamos segurar o inevitável pela lógica do dinheiro e lucro! A lógica do caos é a do amor despretensioso que usa a força do “imponderável” se necessário for para corrigir!

Quantos amigos desesperados com a política, empresa, pesquisa e com as decepções do amor e relações familiares, desabafam: - estou perdido, tudo se acabou, agora não tem mais jeito! E eu digo: calma, tudo passa! As coisas acabam se resolvendo! Mas, quando não tem jeito de reanimar a pessoa desesperada, eu apelo para minha última arma contra o desespero alheio: - amigo, existe o imponderável!

O imponderável é a morte, o acidente, o inesperado, é a pandemia! Ele sempre vai resolver muitos problemas nas vidas das pessoas, mudando realidades imutáveis à primeira vista! Imponderável é queda de prédio, de viaduto, é a doença inimaginável, um Alzheimer, um infarto, algo trágico e súbito! No câncer, se vai tentar curar e organizar a partida, mas um infarto fulminante é imponderável, em 15 minutos a morte muda a lógica familiar, empresarial e política. A morte de Getúlio foi o imponderável no destino do Brasil!

EVOLUÇÃO
A pandemia do coronavírus é um imponderável, um caos, que já mudou o mundo! Quem diria que as coisas não mudam? O caos é uma energia incontida! O isolamento social pode reatar laços, recompor famílias e até ajudar na decisão de separar casais! Nada é por acaso, a vida tem seu fluxo!

Para me tirar do fluxo natural demora um pouco mais do que anos atrás. Quanta bobagem perdendo a calma, chorando, fazendo escolhas impensadas e rodando a baiana com chiliques ou broncas, assustando os bons fluidos. Que estupidez, nenhuma delas valeu a pena, eu teria chegado aqui do mesmo jeito!

Viver é cada respiro, suspiro, suor e gota de tudo que me pertence, sem forçar, tomar ou brigar, sem sangrar a mim e ou ao outro. Respeito cada lágrima, gota de suor e traço de sangue sem saber quem é o dono e o por que, não importa! 

Saramago dizia que o amor fracassou e não fez um mundo melhor; o que faria um mundo melhor seria o respeito ao outro e nada mais!

Cada palavra ouvida, escrita ou falada me importa, muito e me toca, dá alegria, já a palavra rude só me diz que evoluí, pois, a ofensa, mágoa e má intenção não fazem parte mais do meu caos, apenas reverbera no meu ego que me diz: ufa, me libertei disto!

O poder alimenta o ódio, que alimenta a intolerância, que nutre preconceitos e as tormentas no confronto. Chega de rudezas e deselegâncias no trato entre as pessoas: nem precisa de amor, apenas respeite! Somos poeira seguindo a energia da luz e façamos do caos, o nosso aliado. O imponderável sempre nos rodeia!

Alberto Consolaro – Professor Titular da USP, FOB Bauru. consolaro@uol.com.br 

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