AGENDA CULTURAL

10.11.20

Na república, o voto é a arminha

 

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Domingo, 15 de novembro, iremos às urnas para eleger os administradores de nossos municípios. Republica-se a república. 

Numa eleição se devolve o poder ao povo para que essa entidade difusa escolha a quem quer entrega o comando de si mesmo. Não se trata da melhor forma de governo, mas é aquela que dá mais oportunidade às pessoas.

Na república, ninguém herda o poder como na monarquia. O voto é uma arma poderosa, onde a vontade de um magnata vale tanto quando o do seu empregado. O dinheiro manipula, compra, etc, mas na teoria existe a possibilidade.

No papel, qualquer um pode comandar um município, estado ou federação (falando-se de Executivo). Veja quem está em Brasília governando o Brasil. Passando os quatro anos, troca-se. Na monarquia, às vezes, um povo tinha que aguentar pela vida toda um imbecil na governança porque herdou o trono, o tal sangue azul.  

E as mulheres também entram na disputa. Na república, ninguém é mais que o outro perante a lei. O problema é nunca funciona como deve, mas assim mesmo é melhor de qualquer governo autoritário. 

Sem falar que em certos países o regime político é chamado de república, mas não há democracia  em seu território, como República Popular da China. E outros por aí.  

Eu já morei em república de estudante. Nove jovens que não moravam no município da faculdade, tinha dinheiro para mal pagar a faculdade que era particular. Então, se juntaram, alugaram a casa mais velha da cidade com três quartos e compraram beliches. Tratava-se de uma república socialista, porque no final de cada mês havia o rateio das contas.

A proclamação da República no Brasil não foi um movimento revolucionário, nenhum monarca foi decapitado, puseram Dom Pedro II para correr, pois havia perdido o apoio dos latifundiários escravocratas depois da libertação dos escravos. Soltaram os negros nas estradas em 1888, um ano depois, 1889, proclamaram a República. Uma republiqueta.

A comunicação era tão lerda naquela época que só depois de dez anos de proclamação da República é que gente lá do fundão do Brasil ficou sabendo que o regime político havia mudado. Basta se informar sobre o Guerra de Canudos.  

Se o Brasil é o que é, e os Estados Unidos também, assim como qualquer país, deve-se à sua história, como foi criado e administrado. Não adianta pensar se a gente tivesse sido colonizado pelos holandeses, as coisas seriam melhores. Colonização, nenhuma é boa. É melhor olhar para frente agora e fazer as coisas direitinho.   

Depois de 131 anos de república, elegemos um presidente louco varrido que gosta estar na mídia pelas besteiras que fala. Numa democracia, cada povo tem o governante que merece. Não estou sendo cruel com ninguém, mas pelo sofrimento também se aprende. Na república, o voto é a arminha.


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