AGENDA CULTURAL

20.1.21

Armadilhas e os "antivirais" - Alberto Consolaro

 

Os antivirais atuam dentro das células na reduplicação viral!
Vou falar como um leigo ou um pretenso entendido no assunto e que quer ganhar dinheiro! Para lucrar com o coronavírus ficou viável, pois para as pessoas leigas tudo é novo. Na verdade, não é nada novo, pois no mundo da biologia, microbiologia, imunologia e patologia, todos estes conhecimentos há muito tempo são ensinados. Biólogos, médicos, dentistas, enfermeiros, fisioterapeutas e veterinários têm e tiveram em suas faculdades aulas de virologia e imunologia onde os professores ensinaram tudo sobre os anticorpos, linfócitos, células NK, citocinas, Rna e etc.

Para se ter uma ideia, a técnica para produzir a vacina mais sofisticada contra o coronavírus, que é a da “Moderna”, existe há mais de 40 anos, apenas não era explorada em massa. O termo “Mode rna” é uma junção de palavras ou acrônimo em inglês “modificado rna” e não tem nada a ver com o modernismo enquanto movimento cultural. Esta técnica foi criada pela bioquímica húngara Katalin Karikó.

ANTIVIRAIS

Para vender muito e falar que é, aparentemente, científico para passar uma noção de profundeza e completude de saber e cultura, eu e um grupo de orientados, faço um trabalho no laboratório onde mostro que o coronavírus diminuiu quando coloquei o produto onde estão se multiplicando em cultura celular. Depois digo que o produto foi antiviral, pois o vírus diminuiu e isto porque o meio ambiente onde o vírus se multiplicava por um certo tempo tinha ficado inadequado ou inviável. Para sofisticar mais, eu digo que diminuiu a carga viral.

Como este tipo de trabalho é rápido, já posso fabricar e embalar e vender, dizendo que é bom para desinfetar e como antisséptico, pois é antiviral e diminui a carga viral. Atrapalhar a multiplicação de um vírus em cultura celular no laboratório não significa que é antiviral e que atua sobre a partícula viral.

Para ser antiviral tem que atuar dentro das células e competir com as bases nitrogenadas e peptídeos durante a formação de novos vírus em células humanas.  Ou seja, tem que atuar no mecanismo intracelular de multiplicação viral. Vírus não prolifera como as células e bactérias, eles copiam-se um ao outro rapidamente, usando as células ao subornar a sua síntese proteica.

ARMADILHAS E CUIDADOS!

Se um produto no rótulo “informar” ou propagandear que é antisséptico, esterilizante, desinfetante, acaba com o coronavírus e ainda diminui a carga viral, pois que age como antiviral, tome cuidado, ali está faltando verdade. O mundo está freneticamente buscando uma droga que seja antiviral para o coronavírus e até hoje, ainda não se conseguiu achá-la, mesmo nos melhores centros mundiais de pesquisa na China, Alemanha, França, Eua e outros países.

Se um produto “informar” ou propagandear que é “cientificamente”, “odontologicamente”, “dermatologicamente” comprovado como antiviral, procure onde foi publicado tal trabalho. Se não houver citação do trabalho ou se for em uma revista desconhecida, está faltando a verdade, cuidado!

Os humanos, em geral, não têm conhecimento e formação técnica­­ suficientes para avaliar e fica na dependência de aprovação e indicação de instituições da sociedade civil que precisam agir a favor da população e não dos fabricantes. Por isto alguns rótulos trazem “carimbos” ou “logos” para impressionar. Se você pegar uma lupa no logo
ou carimbo talvez diga que foi aprovado pelo “Group
Association of Cientists” ou pela “Baguaçu’s University” que nem existem e nem tem laboratórios!

Alberto Consolaro – Professor Titular da USP - FOB Bauru-SP

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