A disputa entre dois lados da mente pelo domínio de nossas atitudes e pensamentos |
Hélio Consolaro*
Não sei se
aconteceu com você, caro leitor, de alguém recomendar um autor e lê-lo 50 anos
depois. Isso ocorreu com este croniqueiro. Fazendo o Curso de Letras, o
professor de Didática José Erasmo Campello gostava muito de Hermann Hess e
quase exigia a leitura do livro "O jogo das contas de vidro". Cheguei
a comprá-lo, mas alguém me pediu emprestado e se esqueceu de
devolver.
Recentemente li
"O lobo da estepe". O livro conta a história de Harry Haller,
um outsider, um misantropo de cinquenta anos, alcoólatra e intelectualizado,
angustiado e que não vê saída para sua tormentosa condição,
autodenominando-se “lobo da estepe”. Mas alguns incidentes inesperados e
fantásticos o conduzem lenta, porém decisivamente, ao despertar de seu longo
sono: conhece Hermínia, Maria e o músico Pablo. E então a história se
desenvolve de forma surpreendente (Wikipedia).
Hermann Hesse (1877-1962) foi um
escritor alemão, autor de importantes obras, como, "Lobo da Estepe" e
"O Jogo das Contas de Vidro", que resumem a crise espiritual e
estética do século XX. Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura de 1946. Hermann Karl Hesse nasceu
em Calw, Alemanha, no dia 2 de julho de 1877.
O
livro "O Lobo da estepe" não é grosso, mas é escrito para iniciados e
precisa de persistência para que se vá até o fim da leitura. O livro impresso não
ajuda o leitor nem na diagramação gráfica. Lê-lo é quase um troféu de
intelectualidade.
Ele
foi escrito depois da Primeira Guerra, 1927, então traz toda a questão
existencial para dentro do personagem principal. A sua tese ainda é moderna; na
época, Hess sendo um escritor bastante popular, escandalizou seus leitores alemães
com "O lobo da estepe", que espinafra a burguesia. O livro tem tanta
importância que há um grupo artístico no Brasil chamado "Teatro
Mágico" em homenagem à obra de Hermann Hess. A exemplo do nome do autor,
suas personagens também têm dois nomes iniciados por H, como Harry Haller.
A
burguesia alemã da época se sentiu atingida em sua moral com o livro; a
esquerda dizia que ele se limitou ao individualismo, a uma solução
existencialista dos problemas. O que mais me chamou a atenção foi um homem de
50 nos querer se suicidar porque era velho demais, não tinha mais a almejar. A
longevidade da época era bem menor em relação aos dias atuais. O lobo da estepe
não anda em alcateias.
O
livro "O lobo da estepe" transformou-se em filme em 1974, que está no
YouTube graças a um cine clube; e o filme se concentra na parte após o encontro
de Harry Haller com Hermínia, Maria e Pablo,
artistas da noite, pois tal parte do livro adapta-se mais à linguagem cinematográfica.
Há
também entrevistas de estudiosos, mesas redondas sobre o livro no YouTube. Existem
várias edições do livro no mercado editorial brasileiro, inclusive nos sebos.
Após ler o livro, você poderá se classificar como um bom leitor.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e
escritor. Membros das academias de letras de Araçatuba-SP, Andradina-SP e
Itaperuna-RJ
Um comentário:
Muito bom, professor. Na minha juventude recebi um livro de Hesse de presente,Roshald, o que me impulsionou a ler outros. DEBAIXO DAS RODAS, O LOBO DA ESTEPE, e outros. É fascinante.
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