AGENDA CULTURAL

3.6.21

O caminho do bem - Gervásio Antônio Consolaro

             

Se existe uma crença que une a esquerda e a direita, psicólogos e filósofos, pensadores antigos e modernos, é a suposição de que os seres humanos são maus – e ponto final. É uma noção que pode ser vista diariamente nas manchetes dos jornais. De Maquiavel a Hobbes, de Freud a Pinker, esssa crença moldou o pensamento ocidental. O ser humano é egoísta por natureza e age, na maioria das vezes, pensando no interesse próprio .

        Porém, um best-seller internacional de Rutger Bregman oferece uma nova perspectiva sobre a história da humanidade com o objetivo de provar que estamos “programados” para a bondade, voltados para a cooperação em vez da competição e mais inclinados a confiar em vez de desconfiar uns dos outros. Na verdade, esse instinto tem uma base evolutiva que remonta ao início da história do Homo sapiens. Éramos assim até descobrirmos a agricultura, a propriedade e a competição. Esse é o conceito defendido pelo filósofo Jean Jacques Rousseau, um dos pais do iluminismo. Segundo o francês, o homem nasce livre – é a civilização que lhe coloca correntes..

       A partir de inúmeras e importantes pesquisas, de uma argumentação revolucionária e convincente e exemplos reais, Bregman nos mostra que acreditar na humanidade, na generosidade e na colaboração entre as pessoas não é uma atitude otimista – é uma postura realista. Quando pensamos no pior das pessoas, isso traz à tona o que há de pior na política e na economia. Mas, se acreditarmos na bondade e no altruísmo da humanidade, isso formará a base para alcançarmos uma verdadeira mudança na sociedade.

      Tom Postmes, professor de Psicologia Social na Universidade de Groningen, na Holanda, defende essa idéia também, na generosidade das pessoas.

      Suas pesquisas constataram que mesmo nos mais momentosos desastres houveram generosidade e solidariedade. Vamos considerar o naufrágio  do Titanic. Se você assistiu ao filme, provavelmente acha que todos entraram em pânico (com exceção do quarteto de cordas). No entanto, a evacuação foi bem ordenada. Uma testemunha ocular lembrou que “não houve indícios de pânico ou histeria nem gritos de medo ou correrias de um lado para o outro.

     Ou vamos considerar os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Enquanto as Torres Gêmeas queimavam, milhares de pessoas desciam calmamente as escadas, mesmo sabendo que sua vida estava em perigo. Abriam caminho para os bombeiros e os feridos. “E realmente as pessoas diziam: Não, não, você primeiro” relatou sobrevivente. “Eu não conseguia acreditar que àquela altura as pessoas dissessem “Não, não vai você primeiro”. Saber disso é inacreditável”.

       Por fim, constata-se que o ser humano, realmente está “programado” para a bondade e solidariedade, manifestando mais claramente nas calamidades coletivas, quando caem bombas, nos incêndios,  nas  enchentes – nestas circunstâncias é o que se vê  na prática que os humanos dão o melhor de si. 

GERVÁSIO ANTÔNIO CONSOLARO - diretor regional da  Assoc. Fiscais de Rendas-SP, consultor tributário, agente fiscal de rendas aposentado, ex-delegado regional tributário, ex-assessor executivo da Prefeitura de Araçatuba, administrador, contador, bacharel em Direito, pós-graduado em Direito Tributário, curso  de gestão pública avançada pela Amana  Key e coach pela SBC   

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