Rosa vermelha e cravo branco felizes em figura do livro de Martinho da Vila! |
Maria, ao jogar água sobre Natália, bate o balde de plástico na cabeça! O ato foi considerado violento pela direção do programa BBB e Maria foi desclassificada e retirada da casa!
Até o momento de ser eliminada, ela reconheceu ainda no programa,
que as vezes perde a tranquilidade e externa sua agressividade frente a uma
situação hostil, como também aconteceu ao colar uma etiqueta na testa de Arthur
Aguiar, outro participante. Maria disse que as vezes acontece no seu dia a dia
esta agressividade e que já estava em tratamento, reconhecendo o problema.
A agressividade e outras situações de rispidez, falta de respeito ao
espaço e ao corpo alheio, assim como o linguajar chulo e a necessidade de se
impor a qualquer custo tem muito a ver com a infância e a vida familiar. Os
exemplos e paradigmas construídos na infância estão ligados a padrões de
repetição sociais e familiares. Desta forma se entende o assédio moral, sexual
e outras formas de abusos, inclusive a violência doméstica. Em quase todos os
casos, infelizmente, há relato anterior destas situações como abusado quando
ainda era criança ou adolescente.
Paralelamente a estes episódios televisivos, estava lendo o livro
infantil “A Rosa Vermelha e o Cravo Branco” de Martinho da Vila que, além do
mundo do samba e do carnaval, também frequenta a autoria do universo dos livros
(Lazuli – Cia Editora Nacional). Neste livro, de forma singela e lúdica, ele questiona
na sua história ficcional, as letras de algumas músicas e contos infantis.
ROSA E CRAVO
Uma das mais clássicas e antigas músicas infantis gravada até pela
Xuxa é “O cravo brigou com a rosa” que dizia: “O cravo brigou com a rosa / Debaixo
de uma sacada / O cravo saiu ferido / E a rosa despedaçada”. Até parece
inocente, mas tem briga, agressão e ferimentos.
Cantada e repetida pelos pais, avós e coleguinhas não tem como não
achar normal brigar e agredir ao outro “como coisas do dia a dia”, ou seja, normal!
Mas mesmo assim, na sequência, a letra conta que os dois, ainda assim, irão se
casar! Martinho sugere que se cante esta música com pequenas modificações
ficando assim: O cravo / Dançou com a rosa/ Debaixo de uma sacada / O cravo
ficou caído / E a rosa mais perfumada. Convenhamos que ficou bem mais bonita
esta versão! O termo caído significa apaixonado.
PAU NO GATO
A violência e a falta de respeito, pautados pela deselegância
verbal, muitas vezes são repassadas sem que percebamos, pois ligamos o dia a
dia no automático e nem damos conta disto. Um exemplo disto é a música “Atirei
o pau no gato” que dizia: “Atirei o pau no gato / Mas o gato / Não morreu /
Dona Chica / Admirou-se / Do berro que o gato deu / Miau.” Uma violência
cantada de forma desnecessária e gratuita, sugerindo que o normal é tacar o pau
em qualquer gato que se encontre.
E Martinho da Vila sugeriu-se no livro que se cantasse assim: Não
atire o pau no gato / Porque o gato vai sofrer / Dona Chica / Foi quem disse /
E falou que o gato era seu / Miau! A letra modificada traz um cuidado especial
com os animais e ressalta o cuidado que os donos devem ter com seus pets.
REFLEXÃO FINAL
Você já refletiu sobre a origem da violência que mora dentro de nós? Será que foi uma música, um filme, um game ou uma pessoa que serviu de exemplo? Afinal, nascemos inocentes e pacíficos! Ou não seria assim?
pela USP - consolaro@uol.com.br
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