Contrariando meu desejo por mais meia hora
de descanso e inércia, saio da cama. Entendo que, afinal de contas, é preciso
muita determinação para se tornar uma pessoa saudável.
No banheiro, cochilo no vaso sanitário e
desisto do banho. Não vai dar tempo.
Tento, desesperadamente, me enfiar na malha
que insiste em revelar minha silhueta ao mundo e coloco o velho tênis que,
aliás, parece novo. Impressionante!
Encho de água o meu squeeze com adesivo da “Mulher Maravilha” e
vou. Aliás, nem sei se vou mesmo ou se
sou arrastada por alguma força superior. Acho que é algo enviado por Deus, pois
só Ele sabe o que me espera.
Apesar de a academia estar poucas quadras de
casa, vou de carro. Não que eu queira ostentar que tenho combustível no tanque,
jamais! É que o tempo está nublado, melhor prevenir. Arrependo-me logo em
seguida, pois não há vagas no estacionamento. Imaginei que os carros
estacionados fossem de moradores do prédio vizinho e xinguei mentalmente esses
“folgados” que se utilizam de vagas que não lhes pertencem.
Enfim, achei uma vaguinha dois quarteirões
abaixo, quase esquina da minha casa. A dificuldade para estacionar o meu
carrinho foi tanta que quase o matriculei na academia também. Algumas pessoas
viravam o pescoço para assistir àquele episódio. Quase gritei – qual é? Nunca
viram carro gordo de tanto combustível no tanque?
Na secretaria me matriculei. Paguei a
mensalidade no cartão de débito. Assim,
me vejo obrigada a frequentar pelo menos por trinta dias. Não posso desperdiçar
o dinheiro investido.
Quando entro no espaço dos aparelhos, quase
caio para trás de susto. Está lotado. Sim, meus amigos, os carros do
estacionamento eram de frequentadores da academia. Fico chocada em ver a
quantidade de pessoas que acordam cedo para se exercitar. E mais chocada ainda
de ver a disposição e a fisionomia alegre delas a essa hora da manhã, sorrindo
e conversando uns com os outros. Será que sou só eu que tenho problemas em
acordar cedo e de bom humor?
Depois do alongamento, em que me senti uma
velha enferrujada, seguindo a orientação do educador físico, fiz os exercícios
pausadamente e com bastante concentração. Aliás, um moço muito educado e
gentil. Deve ter experiências com iniciantes.
Quase uma hora depois, agradeço a Deus por
ter ido de carro. Mas quando me lembro que o deixei a dois quarteirões, roguei
às forças superiores que me ajudassem naquela hora. Não conseguiria chegar em casa a pé, mas e
para chegar ao carro? Pasmem! Parecia que levei uma surra nas pernas. Meu
braços não me obedeciam. Meu corpo todo pedia arrego. E cadê o carro? Quase perdendo os bofes, encontrei-o.
Oh!
Chego em casa, tomo um banho e degusto um farto café da manhã. Apesar de todo o cansaço, sinto-me orgulhosa de ter
feito o que havia programado.
Já estou pensando no próximo treino e
planejo ir a uma loja de moda fitness ainda hoje. Afinal de contas, não é fácil
ter uma vida saudável, mas depois dos sessenta é imprescindível.
Aff, lembrei-me de que esqueci meu squeeze da
Mulher Maravilha. Será que algum
frequentador intencionava levá-lo, pensando que estava cheio de
combustível?
Agora estou preocupada!
Maria de Fátima Florentino, nascida emAraçatuba-SP, relações públicas, formada pela FEB/UNESP de Bauru. Possui um Grupo dentro Facebook com mais de mil integrantes. Coordenadora do Grupo Experimental da AAL
Um comentário:
Fá, vc é sim maravilhosa!!🤭🌹👏👏👏
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