AGENDA CULTURAL

17.3.22

Tentando ser saudável - Fátima Florentino



 O despertador toca antes das seis da matina. Parece um pesadelo. Quero voltar a dormir, mas não posso. Prometi a mim que começaria a frequentar uma academia hoje.  Recomendações médicas. Esse “hoje”, bem que poderia ser amanhã, depois... Só que não. 

Contrariando meu desejo por mais meia hora de descanso e inércia, saio da cama. Entendo que, afinal de contas, é preciso muita determinação para se tornar uma pessoa saudável. 

No banheiro, cochilo no vaso sanitário e desisto do banho. Não vai dar tempo. 

Tento, desesperadamente, me enfiar na malha que insiste em revelar minha silhueta ao mundo e coloco o velho tênis que, aliás, parece novo. Impressionante!  Encho de água o meu squeeze com adesivo da “Mulher Maravilha” e vou.  Aliás, nem sei se vou mesmo ou se sou arrastada por alguma força superior. Acho que é algo enviado por Deus, pois só Ele sabe o que me espera.

 Apesar de a academia estar poucas quadras de casa, vou de carro. Não que eu queira ostentar que tenho combustível no tanque, jamais! É que o tempo está nublado, melhor prevenir. Arrependo-me logo em seguida, pois não há vagas no estacionamento. Imaginei que os carros estacionados fossem de moradores do prédio vizinho e xinguei mentalmente esses “folgados” que se utilizam de vagas que não lhes pertencem.

Enfim, achei uma vaguinha dois quarteirões abaixo, quase esquina da minha casa. A dificuldade para estacionar o meu carrinho foi tanta que quase o matriculei na academia também. Algumas pessoas viravam o pescoço para assistir àquele episódio. Quase gritei – qual é? Nunca viram carro gordo de tanto combustível no tanque? 

Na secretaria me matriculei. Paguei a mensalidade no cartão de débito.  Assim, me vejo obrigada a frequentar pelo menos por trinta dias. Não posso desperdiçar o dinheiro investido. 

Quando entro no espaço dos aparelhos, quase caio para trás de susto. Está lotado. Sim, meus amigos, os carros do estacionamento eram de frequentadores da academia. Fico chocada em ver a quantidade de pessoas que acordam cedo para se exercitar. E mais chocada ainda de ver a disposição e a fisionomia alegre delas a essa hora da manhã, sorrindo e conversando uns com os outros. Será que sou só eu que tenho problemas em acordar cedo e de bom humor? 

Depois do alongamento, em que me senti uma velha enferrujada, seguindo a orientação do educador físico, fiz os exercícios pausadamente e com bastante concentração. Aliás, um moço muito educado e gentil. Deve ter experiências com iniciantes. 

Quase uma hora depois, agradeço a Deus por ter ido de carro. Mas quando me lembro que o deixei a dois quarteirões, roguei às forças superiores que me ajudassem naquela hora.  Não conseguiria chegar em casa a pé, mas e para chegar ao carro? Pasmem! Parecia que levei uma surra nas pernas. Meu braços não me obedeciam. Meu corpo todo pedia arrego. E cadê o carro?  Quase perdendo os bofes, encontrei-o. Oh! 

Chego em casa, tomo um banho e degusto um farto café da manhã. Apesar de todo o cansaço, sinto-me orgulhosa de ter feito o que havia programado. 

Já estou pensando no próximo treino e planejo ir a uma loja de moda fitness ainda hoje. Afinal de contas, não é fácil ter uma vida saudável, mas depois dos sessenta é imprescindível. 

Aff, lembrei-me de que esqueci meu squeeze da Mulher Maravilha.  Será que algum frequentador intencionava levá-lo, pensando que estava cheio de combustível? 

Agora estou preocupada!  

Maria de Fátima Florentino, nascida em
Araçatuba-SP, relações públicas, formada pela FEB/UNESP de Bauru. Possui um Grupo dentro Facebook com mais de mil integrantes. Coordenadora do Grupo Experimental da AAL

Um comentário:

Unknown disse...

Fá, vc é sim maravilhosa!!🤭🌹👏👏👏