AGENDA CULTURAL

8.6.22

Acreditar em anjos

Hans Memling (circa 1433 –1494

 Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Anjos, aqueles seres alados, é a imagem que tenho deles. Muitas vezes progredimos em nossos conhecimentos, mas continuamos infantis na religiosidade.

Alguém me disse certo dia:

- Cuide-se, Consa, porque o seu anjo pode estar cochilando.

Nunca desejei a alguém que durma com os anjos, pois sei que isso faz parte apenas de uma linguagem polida, um relacionamento. Vou direto ao assunto: tenha um bom sono. Mas há quem goste, e respeito.

Na verdade, somos tão petulantes que consideramos existir um anjo para cada um de nós. Já pensou a cidade de São Paulo com 11 milhões de habitantes, a quantidade de anjos voando? Na verdade, apenas sete anjos são nominados: Miguel, Gabriel, Rafael, Uriel, Anael, Azaziel e Azaquiel. O Aracanjo é o chefe deles. 

Com essa indiferença que tenho aos seres angelicais, nunca assisti ao filme "Cidade dos anjos", produzido há tanto tempo, em 1997. Parece que na época fez sucesso. 

Achava que "Cidade de Deus" era uma resposta à "Cidade dos anjos", porém no mesmo ano em que o filme norte-americano foi lançado, Paulo Lins autografava no Brasil seu livro homônimo no qual o filme foi baseado. E o filme brasileiro entrou em cartaz em 2002. Os dois filmes não se dialogam, um não tem nada a ver com o outro. 

Recentemente, compartilhei nas redes sociais um curta metragem de autoajuda de Rubem Alves que cita ligeiramente o filme "Cidade dos anjos". Como estava meio sem sugestão, embarquei, encontrei-o no YouTube HD. 

Verdade mesmo é que achei o roteiro de "Cidade dos anjos" bem bobinho, mas nessa simplicidade, o filme revela uma questão profunda do ser humano: sua pretensa imortalidade. 

Jesus Cristo encarnou o ser humano, foi torturado e ressuscitou. Mostrou que a busca da imortalidade depende de como se vive aqui na Terra.

No filme "Cidade dos anjos", o anjo se apaixona por sua protegida, uma médica, e para viver tal paixão abandona a eternidade, se encarna nas limitações humanas. Faz o caminho inverso de Cristo. O anjo considerou a nossa vidinha merreca mais interessante.    

Se você estiver achando que o ser humano é a  última merda que o urubu deixou no toco, como dizia Machado de Assis, deve ser efeito de um momento de pessimismo que esteja vivendo. Sacuda a poeira.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro das academias de letras de Araçatuba-SP, Andradina-SP e Itaperuna-RJ







5 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns companheiro Hélio Consolaro por mais esse texto, nesse gostei muito da parte final, excelente, foi muito verdadeiro kkkk

Anônimo disse...

Gostei muito...mas o caso é terrivelmente controvérso, muita gente acredita.
Melhor voar nas asas do vento, na hora que o vento acaba...bummm

Nevil Reis Verri disse...

Parabéns amigo Hélio, síntese perfeita e, convenhamos, bem humorada!

Anônimo disse...

Já ouvi em um hino que os anjos no alto anotam e veem todos os nossos atos...

Anônimo disse...

Eu acredito que se cada ser humano mostrar sua capacidade de amar de perdoar ele não será a última uma merda que o orubu deixou no toco.
Sempre que faço minhas orações que me vejo na necessidade de um anjo peço a Deus o milagre que lhe envie um anjo dele ao meu lado. Mas o ser humano ELE se mostra dois seres teoricamente, um ser animal e um ser racional, e isso é bem fato . Gostei Hélio da sua mensagens