AGENDA CULTURAL

22.10.22

Como seria a repercussão de sua morte? - Alberto Consolaro

Uma das solenidades de entrega dos prêmios e a foto de Nobel.
As manchetes eram “Morreu Nobel, o rei da dinamite”! Só que quem faleceu era o seu irmão e os jornalistas se confundiram. O que Alfred Nobel leu sobre si mesmo nos jornais o impactaram, pois diziam que o inventor da dinamite foi uma grande provocador de mortes e dissabores enquanto viveu. Com 55 anos, Nobel decidiu repensar sua vida e organizar seu testamento já que nunca havia casado e não tinha herdeiros.

O dinamite deu início a fortuna de Nobel. Ao redor de 1845, o homem precisava extrair minérios, derrubar montanhas para abrir estradas, quebrar pedras para construir e promover túneis para trens. Manualmente com ferramentas ou máquinas ficava muito demorado e caro. O químico sueco Alfred Nobel conseguiu patentear um produto seguro a base de nitroglicerina na forma de bastão e assim nasceu a dinamite.

Só que, o rei da dinamite passou a ser conhecido como o mercador da morte pelas vítimas de explosões indesejadas e pelo uso militar. Ganhava muito dinheiro com a patente e exploração comercial, mas não tinha controle sobre o uso. Era um empresário agressivo com 87 companhias e 355 patentes falando cinco idiomas.

TESTAMENTO

Sete anos depois da morte enganosa, Nobel concluiu seu testamento no qual descrevia minuciosamente a criação de prêmios internacionais anuais para ser atribuídos aos cientistas. Além de dinheiro advindos dos juros da fortuna, cada ganhador levaria uma medalha de ouro e um maravilhoso diploma. No início, o prêmio era de 40 mil, hoje são de milhões de dólares, pois a fundação que gerencia sua fortuna é muito eficiente.

As áreas eram de Química, Física, Literatura, Medicina ou Fisiologia e Promoção da Paz. Em 1968 foi criado o prêmio de Economia para homenagear o tricentenário do Banco da Suécia, mas tem quem defenda a transformação do prêmio de Economia em de Sustentabilidade. No dia 10 de dezembro de 1896 Nobel morreu e 5 anos depois, iniciou-se a série em que todos os anos neste mesmo dia, se entregam os prêmios.

Ser Nobelista é ter um atestado de genialidade, uma qualidade de semideus, uma respeitabilidade inigualável. Não importa qual foi a área do prêmio, a opinião de nobelista vai ser ouvida nos quatro cantos do mundo. Será convidado para milhares de conferências, eventos, jantares com reis e governantes, entrevistas e muita badalação. Lembrem, que o prêmio Nobel só pode ser atribuído a pessoas vivas! Um nobelista passa a ser uma sólida e influente celebridade.

ONDE

Os prêmios são concedidos em Estocolmo e Oslo, capitais da Suécia e Noruega. Na época de Alfred, esses dois países eram um único reino. Quem escolhe os premiados de Física, Química e Economia é a Real Academia Sueca de Ciências. O Instituto Karolinska, uma maravilhosa universidade sueca, escolhe o premiado de Medicina e Fisiologia e a Academia Sueca de Letras outorga o Nobel de Literatura. O Parlamento Norueguês escolhe o prêmio Nobel da Paz. Todos os prêmios são solenemente entregues pelos Reis da Suécia e da Noruega em uma maravilhosa reunião.

A reputação de um nobelista é imaculada, sem manchas de honra e honestidade. Quando o cidadão for cotado para Nobelista, a sua vida é toda revisitada e não pode pairar dúvidas, mentiras e falsidades em sua trajetória. Muitos países já tiveram a alegria e orgulho de ter nobelistas como Guatemala, Chile, Argentina, Timor Leste, Gana, Paquistão, Tibete, Santa Lúcia e Palestina. Infelizmente, o Brasil não ganhou.

REFLEXÃO FINAL

Já pensaram se nossas mortes fossem antecipadamente anunciadas e pudéssemos conhecer tudo que se falarás de nós com a chance de corrigirmos ou compensarmos algumas dessas observações. O que será que irão dizer de você? Imagine e faça uma reflexão. Alfred Nobel teve esta chance e soube aproveitar. 

Alberto Consolaro  

Professor Titular da USP  
FOB de Bauru

consolaro@uol.com.br

 


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