Isso não quer dizer que eu diga “ok” para minhas negatividades, meus pontos
fracos e minhas podridões, e que continuarei com eles sem nada fazer para
tentar mudar. Nem que eu goste de mim mesmo e das minhas ações o tempo todo.
Não, nada disso! Quer dizer, de modo honesto, que primeiro e os reconheço.
Aceito que os tenho, que aquilo também sou eu.
Nascemos puros e vamos constituindo nossas características de
comportamento e personalidade humanas. Nossa referência principal são nossos
pais ou cuidadores na infância. Afinal
de contas, é lá que tudo se inicia.
Foi lá que começamos a nutrir o desejo de sermos amados pelo que éramos.
Numa idealização, projetamos que seríamos amados incondicionalmente se fôssemos
perfeitos e não fizéssemos jamais nada errado. Isso porém nunca deu certo,
não é mesmo? Fizemos coisas erradas, sim, levamos bronca e fomos castigados.
Aprendemos, então, que éramos imperfeitos.
Contudo, esse sonho infantil cresce conosco e nós, adultos, temos o
desejo de que ninguém descubra ou perceba que não somos perfeitos. Vamos
esconder nossas fraquezas. E qual melhor jeito de fazer isso? Ocultando pior de nós mesmos. Isso é a inconsciência. Ou seja, o mal em mim mesmo que eu
não consigo enxergar.
Quando você traz à tona o lado que tentou ignorar, estimula e desenvolve
amor-próprio e incondicional, olha para todo o seu e o aceita, olha para todo o
seu bem e o treina, treina, treina, treina incansavelmente de modo que ele se
torne maior que as suas negatividades. Elas – as negatividades – continuarão a
fazer parte de você, mas com o diferencial de que existirá a consciência para
escolher não mais acessá-las.
O treino do seu “bem” é sempre na positividade. Você aceita que não é
perfeito e, quando erra, se perdoa e continua o treinamento.
A incondicionalidade, naturalmente, faz com que transbordemos de amor.
E porque transborda, sobra. Você se
preenche e dá amor de modo incondicional também. É inevitável amarmos o outro.
É como se fosse uma continuação de nosso coração, que faz com que nossos braços
se estendam para o outro.
Você não está com a outra pessoa por carência ou porque “precisa” ou
somente se receber retornos . Você a ama porque ela está a seu lado.
Você dá amor sem julgamento, sem crítica, sem condição. Você dá “apesar
de” e “com” tudo o que a pessoa tem de bom e ruim. Não é amoroso ou amorosa com
seu filho apenas se ele não fizer malcriação ou com seu parceiro ou sua
parceira se forem legais, não deixando a toalha na cama. O amor incondicional é
o amor da aceitação.
Autoamor também não leva a pessoa a achar-se superior, melhor que os
outros. Não, isso é negativo! O verdadeiro amor incondicional é quando estou
vivendo a igualdade com todas as pessoas. Somos todos humanamente falíveis e
falivelmente humanos!
Se minha miséria emocional pode ser aceita, se a partir dela eu puder
ver o lado positivo e treiná-lo, estarei vivendo o maior amor do mundo. Pois
ele faz o bem por mim e pelas pessoas ao meu redor.
É um treino mesmo, porque o que vamos viver são momentos desse amor. Com dedicação serão vários, muitos e diários momentos. Então, nada de ilusões: “Ah, vou entrar na estrada do autoconhecimento e depois nunca mais precisarei passar por ela”. Não é verdade. A gente vai, volta, vai, vai, volta, vai, vai, vai…Quanto mais treino, menos retorno. Contudo, isso é trabalho para a vida toda. Resumo inspirado no livro de Heloisa Capelas.
Gervásio Antônio Consolaro, diretor da AFRESP, ex-delegado regional tributário, auditor fiscal da receita estadual aposentado, formado em administração, ciências contábeis e bacharel em Direito.
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