AGENDA CULTURAL

23.10.22

Amor incondicional - Gervásio Antônio Consolaro


       O amor-próprio é, um amor incondicional. Nele eu me amo com todo o meu bem e com todo o meu mal. Com todos os meus erros e as minhas dificuldades, com todas as vezes em que piso na bola e faço algo de que não me orgulho. Com todos os meus acertos e as minhas qualidades. Com aceitação verdadeira. Não me amo apenas se eu fizer o bem ou conseguir bons resultados.

      Isso não quer dizer que eu diga “ok” para minhas negatividades, meus pontos fracos e minhas podridões, e que continuarei com eles sem nada fazer para tentar mudar. Nem que eu goste de mim mesmo e das minhas ações o tempo todo. Não, nada disso! Quer dizer, de modo honesto, que primeiro e os reconheço. Aceito que os tenho, que aquilo também sou eu.

     Nascemos puros e vamos constituindo nossas características de comportamento e personalidade humanas. Nossa referência principal são nossos pais ou cuidadores na infância.  Afinal de contas, é lá que tudo se inicia.

     Foi lá que começamos a nutrir o desejo de sermos amados pelo que éramos. Numa idealização, projetamos que seríamos amados incondicionalmente se fôssemos perfeitos e não fizéssemos jamais nada errado. Isso porém nunca deu certo, não é mesmo? Fizemos coisas erradas, sim, levamos bronca e fomos castigados. Aprendemos, então, que éramos imperfeitos.

     Contudo, esse sonho infantil cresce conosco e nós, adultos, temos o desejo de que ninguém descubra ou perceba que não somos perfeitos. Vamos esconder nossas fraquezas. E qual melhor jeito de fazer isso? Ocultando pior de nós mesmos. Isso é a inconsciência. Ou seja, o mal em mim mesmo que eu não consigo enxergar.

     Quando você traz à tona o lado que tentou ignorar, estimula e desenvolve amor-próprio e incondicional, olha para todo o seu e o aceita, olha para todo o seu bem e o treina, treina, treina, treina incansavelmente de modo que ele se torne maior que as suas negatividades. Elas – as negatividades – continuarão a fazer parte de você, mas com o diferencial de que existirá a consciência para escolher não mais acessá-las.

     O treino do seu “bem” é sempre na positividade. Você aceita que não é perfeito e, quando erra, se perdoa e continua o treinamento.

     A incondicionalidade, naturalmente, faz com que transbordemos de amor. E  porque transborda, sobra. Você se preenche e dá amor de modo incondicional também. É inevitável amarmos o outro. É como se fosse uma continuação de nosso coração, que faz com que nossos braços se estendam para o outro.

     Você não está com a outra pessoa por carência ou porque “precisa” ou somente se receber retornos . Você a ama porque ela está a seu lado.

      Você dá amor sem julgamento, sem crítica, sem condição. Você dá “apesar de” e “com” tudo o que a pessoa tem de bom e ruim. Não é amoroso ou amorosa com seu filho apenas se ele não fizer malcriação ou com seu parceiro ou sua parceira se forem legais, não deixando a toalha na cama. O amor incondicional é o amor da aceitação.

     Autoamor também não leva a pessoa a achar-se superior, melhor que os outros. Não, isso é negativo! O verdadeiro amor incondicional é quando estou vivendo a igualdade com todas as pessoas. Somos todos humanamente falíveis e falivelmente humanos!

     Se minha miséria emocional pode ser aceita, se a partir dela eu puder ver o lado positivo e treiná-lo, estarei vivendo o maior amor do mundo. Pois ele faz o bem por mim e pelas pessoas ao meu redor.

     É um treino mesmo, porque o que vamos viver são momentos desse amor. Com dedicação serão vários, muitos e diários momentos. Então, nada de ilusões: “Ah, vou entrar na estrada do autoconhecimento e depois nunca mais precisarei passar por ela”. Não é verdade. A gente vai, volta, vai, vai, volta, vai, vai, vai…Quanto mais treino, menos retorno. Contudo,  isso é trabalho para a vida toda. Resumo inspirado no livro de Heloisa Capelas. 

Gervásio Antônio Consolaro, diretor da AFRESP, ex-delegado regional tributário, auditor fiscal da receita estadual aposentado, formado em administração, ciências contábeis e bacharel em Direito.                      g.consolaro@yahoo.com.br  


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