AGENDA CULTURAL

1.1.23

Tolere a frustração - Gervásio Antônio Consolaro

Fonte: Espaço Viva Bem

Frustração é o que se sente ao encontrar uma pedra no caminho. Todas as pessoas experimentarão em algum momento uma frustração, por não terem o emprego que estavam esperando, pela traição de um amigo ou um “não” perante algum projeto. Há pedras de todas as cores, sabores e cheiros; em algum momento, todos nós vamos sofrer frustração.

     A questão é como vamos reagir frente a essas pedras. Sentir-nos tristes ou desapontados em meio de uma crise é normal, porém, a tolerância zero com o erro ou a decepção não é.

    Pense por um momento em uma frustração que tenha vivido: econômica, espiritual, afetiva ou emocional. Algo que queria alcançar, mas não conseguiu, um sonho que não conseguiu abraçar. Lembre-se do que sentiu naquela situação. Querer realizar um sonho é parte da natureza humana, portanto, quando não podemos alcançá-lo, nos frustramos e imediatamente reagimos de duas maneiras diferentes:

   É melhor fracassar por ter feito algo do que frustrar-se por não ter tentado.— Autor desconhecido

• Raiva. A raiva faz você gritar, bater, insultar ou mesmo matar. Essa raiva, muitas vezes, é com você mesmo: “Como fui tolo! Como não percebi antes?”.

• Tristeza. Aparece quando a pessoa sente melancolia, conformismo e diz: “Bom, é isso mesmo” ou “O que mais posso fazer?!”. Aí começa na sua vida um processo de isolamento e introversão.

     Você pode ficar bravo, chorar, ofuscar-se, amargar-se, encher-se de raiva, dizer: “Tudo acontece comigo”. Pode chutar, chorar ou até andar sobre as pedras e finalmente chegar ao destino que tinha se proposto.

    É muito frequente que a pessoa que comete um erro se condene duramente, pense que ela mesma é um erro quando, na realidade, só cometeu um equívoco, e isso não tem nada a ver com o que ela é. Há outros que, ao não terem alcançado o objetivo no tempo em que tinha sido proposto, imediatamente ficam bravos e renunciam ao projeto

     Hoje as pessoas têm tolerância zero a tudo: ao erro, ao fracasso, ao “não” dos outros, e reagem se decepcionando, e com isso ativam uma insegurança ainda maior na área dos afetos. Alguns, por medo de serem machucados ou de continuarem sentindo-se decepcionados, preferem responder com ira. Se olhar nos olhos deles, dizem: “O que está olhando, o que foi?”.

Todos nossos sonhos podem se converter em realidade se tivermos a coragem de lutar por eles.— Walt Disney

     O fato é que, quando não há tolerância à frustração — ou seja, não há força interna —, não haverá tolerância à crise que deve ser superada, seja qual for o conflito. Devemos crescer em meio à dor e à frustração.

    Quando uma pessoa se pergunta: “Por que isso aconteceu comigo?”, ninguém poderá dar uma resposta. A dor existe para ser liberada, expressada.

     Quando existe uma emoção forte como a raiva, a tristeza, o medo, devemos esperar que passe; não tomar decisões, não fazer, nem falar nada, porque, quando estivermos tristes, por exemplo, falaremos de tristeza.

     Todas as emoções são passageiras e não podem ser controladas pela vontade, porque foram criadas para serem sentidas.

      Superada a frustração, deixaremos de nos preocupar por coisas sem valor, sem importância, e começaremos a investir nos fatos profundos e importantes da vida.

    Não podemos solucionar o que aconteceu, mas sim fazer com que aconteçam coisas novas. Agarremos o nosso sonho com as mãos e algo positivo ocorrerá.

    Claro que encontraremos águas turvas, porém, elas não farão com que paremos de navegar. Uma vez que você tolerar a frustração, estará pronto para liberar todo seu potencial e, dessa posição, estará sendo treinado para vencer qualquer coisa impossível; a desculpa já não será parte do seu discurso.  

Gervásio Antônio Consolaro, diretor da AFRESP, ex-delegado regional tributário, auditor fiscal da receita estadual aposentado, formado em administração, ciências contábeis e bacharel em Direito.                      g.consolaro@yahoo.com.br

  

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