Às vezes, esquecemos de refletir sobre nós mesmos: dente ou osso?
OSSO E MEMÓRIA
No atleta, os ossos se adaptam e ficam
maiores, mais densamente mineralizados e estruturados. Nos sedentários, eles
ficam menores, mais finos e pouco mineralizados. Ossos atendem às necessidades.
Os ossos são muito dinâmicos e se usar só uma parte do corpo, são os ossos dali
que se adaptarão. Pela renovação óssea, as fraturas deixam marcas apenas nos
primeiros anos e, depois do reparo, a remodelação óssea reformata o local e nem
deixa mais sinais do que aconteceu ali.
O osso não tem memória e nem guarda mágoas
e cicatrizes. Ossos esquecem o passado, vive do presente e o futuro, quando
chegar, ditará as condições. O cérebro tem memória, mas pode guardar mágoas e
tristezas, melhor seria esquecer as coisas ruins! Incrível, o cérebro, ao
contrário do osso, não renova as suas estruturas, mas tem o dinamismo do
pensamento que deveria evoluir. Só que a maioria das pessoas são muito fechadas
com opiniões sobre tudo e com julgamento fácil como verdadeiros “gênios” da
raça, também conhecidos como pedantes!
A renovação óssea é vital, pois mantém o
sangue com os íons e minerais sempre nos níveis adequados para as células
funcionarem. O cálcio, por exemplo, se ficar muito elevado no sangue provoca
desconforto e muita dor na pessoa, como acontece nas pessoas com osteoporose e
pacientes com câncer. Se contar que no interior dos ossos, se formam as células
sanguíneas.
DENTES E OSSOS
Os dentes, como o cérebro não renova suas
estruturas. Trincas, fraturas, cáries, reabsorções, manchas e outras situações
são marcas para sempre. Mesmo que restaure e se aparente normal, uma
radiografia, tomografia e ou exame clínico apurado revelará o acontecido. Mesmo
com os materiais e técnicas maravilhosas que reconstroem os dentes, eles
guardam mágoas eternas, mas o osso remodela-se sem guardar “ressentimentos”.
Até mesmo depois da morte o osso perdoa e
os dentes, não! Para destruir os dentes precisa-se de temperaturas
elevadíssimas como mil graus de calor. Os ossos depois de alguns poucos anos da
morte, não estão mais lá onde foram sepultados, mas os dentes persistem lá!
REFLEXÕES FINAIS
1.Eu
conheço pessoas que perdoam facilmente e esquecem as mágoas como fazem os
ossos. São vidas leves, de coração e mente felizes. Os maravilhosos cães também
são assim!
2.Mas,
também conheço pessoas que se parecem dentes: cheias de mágoas, reclamam da
vida, lembram a todo momento as coisas ruins e cada vez mais ficam feias sem
perceber as coisas boas ao seu redor. Goethe disse que muitas vezes o que
queremos, está embaixo do nariz e não percebemos, apenas quando perdemos.
3.Permita-me questionar você: a sua essência humana é mais parecida com o osso ou com o dente?
4.O adolescente perguntou para o avô se deveria ser firme e irredutível ou seria melhor ser resiliente e compreensivo. O sábio avô disse ao neto, abrindo sua boca: - eu tenho apenas alguns poucos dentes, mas a língua continua forte me ajudando a viver até o fim. Ser maleável, resiliente e se adaptar ao meio é um ato de sabedoria que a rigidez igual dos dentes não compreende e sucumbem muito cedo e com frequência.
Professor Titular da USP
FOB de Bauru
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