AGENDA CULTURAL

22.5.23

Vini Jr. - moleque travesso


 Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

TEXTO MUDADO: 23/05/2023

Por coincidência, ou não, estou lendo o livro "Racismo estrutural" do ministro Sílvio de Almeida, quando nosso jogador, o moleque travesso Vini Jr. é objeto novamente de atitudes racistas naquilo que os subdesenvolvidos, por complexo de vira-lata, chamam de primeiro mundo: Europa. Mais precisamente Espanha. 

Por que chamo Vini Jr. de moleque travesso? Diferentemente de Pelé, enfrenta o racismo batendo de frente, como um garoto nascido no século 21. Machado de Assis também enfrentou o preconceito, mas com a linguagem irônica, de forma simulada, seguida por Pelé. 

Está na hora de Endrick, Palmeiras, mudar o rumo de sua carreira, dinheiro no bolso não quebra preconceito. O garoto revelação do Allianz Parque já foi vendido para o Real Madrid. É melhor ser feliz por aqui com menos dinheiro. 

Vini Jr é mais rico do que todos, individualmente, aqueles que o chamaram de "macaco" no jogo Valência e Real Madri em 21/05/2023, mesmo assim a sua negritude talentosa não foi aceita.

Pelé e Machado de Assis estão mais para Pai Tomás, enquanto Vini Jr. para Zumbi, quilombo, impetuoso. 

Descobrimos que o racismo é uma forma de dominação entre os humanos. Para a Europa ser chamada de "primeiro mundo", os europeus o fizeram, e ainda o fazem, com a chibata na mão.

Não estou falando em causa própria, pois sou descendente de italiano puro-sangue, sem mistura. Só não quis o destino que eu me casasse com uma mulher negra, mas constituí família com uma nissei. 

Defendo o negro sendo branco e me lembro do sofrimento de alguns afrodescendentes que se atreveram a se casar com mulheres da irmandade de minha mãe. O racismo brasileiro é imigrante europeu, se considera raça superior, gente de bem! 

A imprensa brasileira, e a mídia também, ficou ao lado de Vini Jr., como também o governo brasileiro. Presidente Lula parou um discurso no G7, cúpula mundial, para se solidarizar com o jogador brasileiro. Além disso, o Ministério do Exterior (Itamarati) chamou o embaixador espanhol no Brasil às falas. Se o presidente continuasse Bolsonaro (da mesma ideologia do presidente da LaLiga), certamente o drama Vini Jr. seria ignorado pelas estruturas de poder. Aqui o negro pode se revoltar, lá no primeiro mundo, precisa se submeter.     

Se no futebol brasileiro, estamos vendo manipulação de resultados nas apostas esportivas, por lá existe a edição do VAR que mostra a imagem mais interessante para a arbitragem.

O Brasil mostra o mundo a sua negritude pela inquietude e revolta de Vini Jr, por seu protagonismo. Parece que o primeiro mundo está aprendendo. 

Primeiro mundo, segundo mundo, terceiro mundo. Raças branca, negra, amarela. Classificações que interessam a quem quer submeter o outro, o seu semelhante, a seus interesses. Raça só existe uma: a humana. Mundo só existe um: planeta Terra, e é redondo. 

Um comentário:

Ventura Picasso disse...

Os ingleses moralistas, eram contra o tráfico de escravos africanos, mas escravizaram a África