1.Sem boca, sem vida! Pitangui escreveu: o
que adianta uma face linda com a boca desconexa, sem sorriso lindo! Ela é porta
de entrada e vitrine principal, mas é o local mais contaminado do corpo.
2. Somos um tubo revestido pelas mucosas da
boca ao reto, e por fora, a pele nos recobre como o maior órgão de todos. Os
tecidos ou “nossas carnes” estão protegidos da microbiota nas superfícies com
cerca de 100 trilhões de bactérias, sem contar vírus, fungos e parasitas. Uso e
ouso dizer que o meio interno assim isolado, é sagrado!
3. Quase tudo que fazemos promove
inevitáveis micro ulcerações no banho, esportes, limpezas, escovação dos
dentes, pentear, aparelho na boca, barbear, beijar etc.
4. Pelas micro-ulcerações, o sangue ganha
bactérias por poucos segundos, mas logo são eliminadas pela monstruosa
quantidade de anticorpos, células de defesa inflamatórias e imunológicas. Estes
breves momentos com bactérias no sangue são chamados de Bacteremia Transitória.
5. A quantidade de bactérias que entra
pelas micro-ulcerações é muito maior na boca pela mastigação, escovação, fio
dental e procedimentos como raspagem gengival, restaurações, canal, exodontia e
cirurgias por menor que sejam. Devemos reservar muitos minutos para higienizar
a boca sem afobação, curtindo o deixar a boca saudável e assim teremos
bacteremias transitórias bem menores.
6. Quando se tem debilidade orgânica, no
hemograma teremos quantidades alteradas de células e plaquetas. E algo deve
estar errado com os dois principais mecanismos de defesa: a inflamação e o
sistema imunológico. Se deve procurar um médico experiente e treinado para
pesquisar a origem do problema.
7. Pessoas com debilidade orgânica
apresenta sinais que permitem diagnosticar anemias, leucopenias, linfomas,
alergias, autoimunidade, diabete melito, tabagismo, vícios e drogas,
sedentarismo e etilismo etc. Álcool e o tabaco sobre todas as formas e
quantidades, é prejudicial aos sistemas de defesa.
8. Bacteremia transitória dura segundos em
pessoas saudáveis, mas com debilidade orgânica, dura minutos, um tempo tão
maior que as bactérias podem sair dos vasos sanguíneos e chegar nos órgãos
distantes, promovendo endocardites, artrites, nefropatias etc.
9. As bactérias por mais tempo no sangue
podem levar à reação exacerbada e desproporcional com descontrole dos sistemas,
incluindo convulsões. Este estado é a Sepse, que antigamente se chamava
“septicemia” e não significa “infecção generalizada”, mas sim descontrole com
cada sistema funcionando aleatoriamente, levando a morte se não internar
rapidamente em UTI.
10. Antes de qualquer cirurgia, se deve
avaliar a debilidade orgânica. Hoje, ao contrário de 30 anos atrás, convivemos
com pessoas com doenças que antes levavam à morte. Vivem superbem, são
maravilhosas, lindas e jovens, mas requerem cuidados especiais ao se fazer
procedimentos.
11. Quando se diz debilidade orgânica não
são pessoas abatidas, feias, ofegantes e apoiadas para andar; são pessoas
integradas ao lazer e trabalho. Antes de qualquer cirurgia, se deve conversar
muito com o paciente, pedir exames e, se necessário, pedir uma avaliação de
risco cirúrgico, como os anestesiologistas fazem.
12. A mais simples exodontia, abre o meio
interno sagrado para o ambiente mais contaminado. O risco é grande pela
variedade e quantidade de microbiota. Cirurgias requerem uma boca preparada
para ser operada, com prévia raspagem dos dentes para tirar cálculos, placas e
sujeiras, se possível com um profissional.
13. A única forma de esterilização de instrumentos
é com autoclave bem utilizada. Esterilização química não existe. Usar
antissépticos não esteriliza a boca. Certifique-se antes de abrir a boca, para
não se introduzir mais bactérias ainda!
REFLEXOES FINAIS
A) Foi se o tempo que a pessoa chegava no
consultório e imediatamente se fazia exodontia ou outra cirurgia qualquer. O
perfil das pessoas mudou, muitas tem debilidade orgânica e não saberemos sem
exames prévios e avaliação do risco cirúrgico. Muitas, deveriam ser operados em
ambiente hospitalar.
B) Os tempos mudaram, não se deve fazer cirurgias sem exames de imagens adequados que mostrem e planejem, sob todos os ângulos, o local onde se vai operar. Radiografias e tomografias prévias também são essenciais!
Professor Titular da USP
FOB de Bauru
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