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Os 180 dias servem para todos se adaptarem a nova realidade
O
paciente pode procurar pela primeira vez o profissional com os resultados de
exames na mão. O profissional vai receber o paciente, fazer anamnese e depois o
exame físico do paciente. Na hora de suas suspeitas diagnósticas e indicações
dos exames complementares, o paciente já pode ter os resultados nas mãos.
Os
exames, antes do diagnóstico clínico que o complementaria, inverte a sequência
da abordagem clínica idealizada por Hipócrates, o pai da Medicina: queixa
principal, anamnese e exame físico. As hipóteses de diagnósticos seriam
seguidas pela solicitação dos exames, cujos resultados complementariam os dados
para a conclusão final. Em seguida, o profissional planeja o tratamento e
controla seu efeito ao longo do tempo.
Entretanto,
por questões de limitações, convenção e tradição, nem todos os profissionais
sabem pedir e interpretar todos estes exames de repente, em um primeiro
momento. Eles podem ficar confusos na hora da interação com o paciente e
família. Diagnóstico significa através do saber e exige reflexão!
O
governo federal deu um prazo de 180 dias para as farmácias e clínicas se
adequarem, e poderia ser também, usado este prazo para todos os profissionais
de saúde se familiarizarem com esta nova realidade.
Os
exames de análises clínicas (EAC) são todos aqueles que usam as análises dos
fluidos do organismo, como sangue, urina, fezes e secreções. Até então a Anvisa
liberava a realização somente de testes de Covid-19 e de glicemia.
E
AGORA?
A
norma agora aprovada permite fazer muitos testes de triagem. É importante ressaltar, que esses testes não substituem os
exames laboratoriais tradicionais. A Anvisa destaca que os resultados
desses testes feitos em farmácias e clínicas, não devem ser usados sozinhos
para tomar decisões médicas. Eles devem ser usados apenas como uma primeira
avaliação.
Mas, vamos usar o bom senso:
será muito difícil explicar resultados, mesmo que preliminares aos pacientes. E
ainda mais, alertá-los que o exame de farmácia pode estar alterado por alguma
razão na fabricação, transporte e conservação. Deveremos ter muita segurança a
partir de conhecimentos obtidos de uma atualização constante dos profissionais
da saúde.
Uma pessoa que não é da área da
saúde pode questionar: mas os médicos e dentistas já não sabem isto de
imediato? Eles não têm acesso a um manual, protocolo ou algoritmo, onde se
informam? Não, estes profissionais têm um limite de formação, trabalho e de
carga de conhecimento. Hoje a maioria do que se precisa está à mão em um
computador ou celular, mas no meio de uma consulta com o paciente a sua frente
pode gerar constrangimentos.
REFLEXÃO FINAL
Se eu fosse ministro, secretário de saúde ou diretor de serviço de saúde eu providenciaria seminários e treinamentos práticos para os profissionais de saúde neste período de 180 dias e assim, todos estariam minimamente preparados para esta nova realidade que teremos pela frente.
Professor Titular da USP
FOB de Bauru
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