![]() |
A árvore chegou primeiro, portanto, tem que ficar (Facebook: Economia ecológica) |
Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
Todo araçatubense ou qualquer citadino, defensor das árvores e da economia ecológica, quando vê essa foto se delicia, porque é um exemplo de como gostaria de ver nossa relação com a natureza.
Em 1957, quando
eu andava 10 km (ida e volta) numa estrada para chegar à escola, passava por
pequenos restos de florestas (capão, bosque) que ainda abrigava animais
selvagens. A onça era o mais temido. Estou falando de Araçatuba. Tais restos de
floresta não existem mais naquela estrada que é o prolongamento da rua Aviação.
Na escola,
encontrei o Dia da Árvore no calendário, tão comemorado pela professora. O que
mais os escolares valorizavam nas árvores era a sombra e os frutos. Nem
imaginavam que um dia isso podia acabar.
Nos sítios
daquela época, a coisa mais corriqueira era pegar um machado e cortar uma
árvore. Apesar da evidência da destruição, não se acreditava em que poderia
chegar a ter um mundo devastado como está hoje.
Na foto que
ilustra esta crônica, a árvore foi incluída na urbanização. Em setembro de
2022, vi outro exemplo. Estive em Itamambuca (Ubatuba), um bairro cujas mansões
foram construídas no meio da floresta, sem ruas asfaltadas, onde as portas das
casas eram raramente trancadas, com pássaros de todos os tipos no quintal
arborizado, soltos, livres. Havia um esquema de segurança comunitário. Era a
recuperação do éden por um preço astronômico.
Em Araçatuba,
além de pessoas terem o espírito de lenhador, preferem derrubar uma árvore a
varrer folhas caídas por preguiça; temos os profissionais da arquitetura e da
engenharia com o mesmo espírito de lenhador ao projetarem ou construírem
prédios. Não têm o trabalho de salvar as árvores, de incluírem-nas no seu
projeto.
Para não dizer que só escrevi sobre a destruição, há exemplo
de avenida bem arborizada em Araçatuba: avenida da Saudade, entre o estádio
municipal Ademar de Barros e o cemitério da saudade. Eu me sinto feliz quando
passo por ela naquele quarteirão. Aquela belezura só aconteceu porque há duas
propriedades públicas que são lindeiras à avenida.
Há um trabalho
conjunto da Secretaria Municipal de Cultura com a do Planejamento Urbano. Toda
vez que um proprietário pede a demolição de um prédio antigo, a Cultura precisa
opinar. Podia ser assim também com a do Meio Ambiente. Toda
demolição/construção exigir vistoria e parecer dos engenheiros ambientais,
evitando a derrubada criminosa de árvores. Criando a cultura de incluí-las na
planta dos novos quintais e pátios de empresas.
No quintal de
nosso Museu Histórico Pedagógico Cândido Rondon, fechado, existe uma figueira
muito antiga e frondosa. Suas raízes se alastram por baixo do antigo prédio,
que era residência oficial do chefe da ferrovia NOB, ameaçando derrubá-lo.
Preservar a árvore encarece a restauração do museu, pois o problemase torna
duplo: da memória cultural e da natural. E assim o problema se arrasta com o
desfile de prefeitos. Gastar mais de milhão no restauro causa escândalo dentre
a população.
Pensando juntos,
encontramos soluções criativas a favor da preservação do planeta. Só a
tecnologia, desacompanhada da ética e da ecologia, só o destruímos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário