AGENDA CULTURAL

12.10.24

Dom não existe, só 10 mil horas depois! - Alberto Consolaro

 

Considerados gênios, todos chegaram à quase perfeição, graças ao treinamento de 10 mil horas antes de alcançarem o sucesso e reconhecimento

 Para ter conhecimento e sabedoria se requer reflexão e dedicação extrema com organização no pensar e fazer. Enquanto informação é passiva, o conhecimento é ativo, pois depende de interpretação e reflexão. Sem trabalho interpretativo, nada se aproveita para construir uma sabedoria.

Sócrates dizia que uma vida sem reflexões, não merece ser vivida. Para uma aula ser otimizada, depois dela precisa-se aquietar, relaxar, ler e interpretar serenamente para a sabedoria impregnar. Uma escola de vanguarda oferece isto após a aula.

DOM NÃO EXISTE

- Ele tem o dom! Quem diz isto não sabe o trabalho que deu. O grau de satisfação pessoal tem a ver com sucesso que está atrelado a dedicação, treinamento, abdicação e trabalho.

- Você nasceu para ser feliz! Isto é meia verdade. Melhor dizer: - Você nasceu para ser feliz, mas vai ter que dar uma raladinha antes, como trabalhar, investir, treinar e planejar. Sucesso antes de trabalho, só no dicionário, afinal o S vem antes do T.

Deus não seria injusto com os humanos dando para uns sorte ou azar, talento ou limitação, habilidades ou descoordenação. Imagine no céu, na fila de almas a descer para a Terra, os designados por Deus dizendo: você vai tocar piano, você vai ser escultor, você será lixeiro, o outro atrás será garçom e assim vai!

Nascemos com todas as possibilidades e nos cabe explorá-las, mas isto requer muito treinamento. Malcolm Gladwell, no livro Fora de Série ou “Outliers”, da editora Sextante, desenvolveu a teoria das 10 mil horas, para a qual ninguém é virtuose musical, gênio esportivo e intelectual autêntico sem treinamento acima destes limites. Ele analisou gênios da música, artes e esportes, e todos, antes do sucesso treinaram muito mais do que isto.

Usar o termo “dom” é aceitar o termo sorte, acaso ou coincidência. Ninguém acha o sucesso, ele é construído. O dom é dádiva divina para todos, cabe nos explorar as habilidades estimuladas de acordo com o meio onde se nasce e vive. O ambiente familiar, as conversas, objetos, amigos e os locais em que frequentam estimula muito cedo as aptidões para as diversas atividades.

Pesquisas com cérebros dos gênios, inclusive de Einstein, revelam não ser possível diferenciar ou encontrar áreas de brilhantismo. Para o estudioso do assunto Brian D. Burrell, na vida de todos os gênios se resgata sempre uma vida de contemplação, estudo, curiosidade, colaboração e acima de tudo, muita dedicação e trabalho duro. Se não for assim, um dia a casa cai, pois foi construída sem alicerces adequados. Eu já vi muitos caírem!

A vida tem percalços e nem todos conseguem o que se chama de sucesso. Os que não tem, se acham injustiçados, arranjam desculpas para o ego e espelho e com frequência dizem: não tenho o dom para isto! Nasci sem talento para as artes! Eu não tive sorte na vida! Tudo que faço dá errado! E quase sempre colocam a culpa na família, cônjuge e filhos.

RECEITA COMPLETA

Não se deixem enganar, um vencedor tem 10 mil horas de treinamento no mínimo, mas só o trabalho não resolve, precisamos da confluência de fatores como:

1. Habilidade, inteligência e cultura.

2. Trabalho e treinamento.

3. Persistência e tenacidade, mesmo na adversidade.

4. Apoio familiar, amigos, instituição ou clube.

5. Habilidade social para detectar e aproveitar as circunstâncias favoráveis.

6. Sorte: será sempre necessária, mas sozinha não surtirá efeito.

Bill Gates fez milhares de programas dos 13 aos 20 anos até criar a Microsoft. Pelé treinava muito mais que os outros desde menino e o pai, foi tenaz. Einstein dos 16 a 26 anos estudou a luz como um maluco. Os Beatles fizeram 1200 apresentações entre 1957 e 64 antes do sucesso. Madonna dança 8 horas todos os dias, Ivete Sangalo também. Depois de muito treinamento e trabalho. Mozart fez sua primeira obra prima aos 21 anos.

REFLEXÃO FINAL

O sucesso faz o vencedor renovar-se sempre, inclusive em suas circunstâncias e apoios. O vencedor sabe humildemente que o segredo é desaprender e reaprender todos os dias, nada vem por acaso. 

Alberto Consolaro 

Professor Titular da USP  
FOB de Bauru 

consolaro@uol.com.br    

 

 


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