Em artigo anterior, deixamos no ar a pergunta: os administradores,
inquietos, se perguntam constantemente: como é possível conseguir que as
pessoas produzam sob condições em que normalmente não estariam motivadas para
trabalhar?
Parte da resposta a esse tipo de indagação está ligada à psicodinâmica do comportamento motivacional,
que representa a fonte de energia instalada dentro de cada um, praticamente em
estado de ebulição. Quando falamos em motivação, portanto, nos referimos a um
tipo de ação que vem dos próprios indivíduos: um tipo de ação qualitativamente diferente
daquela determinada por prêmios ou punições oriundos do meio ambiente.
Trata-se, mais precisamente, de uma fonte autônoma de energia, cuja origem se
situa no mundo interior de cada um, e que não responde a qualquer tipo de
controle do mundo exterior.
É
importante ressaltar que estar motivado não é o mesmo que experimentar momentos
de alegria, entusiasmo, bem-estar ou euforia. Esses estados podem, até certo
ponto, ser considerados efeitos posteriores do processo motivacional, mas nada
explicam sobre sua origem nem sobre o caminho percorrido até que sejam
alcançados. Sabe-se que a motivação é muito mais ampla do que os comportamentos
ou estados que porventura tenham a capacidade de provocar. A simples e imediata
observação do comportamento motivado não responde à pergunta de como conhecer o
verdadeiro porquê da sua existência.
Há tempos pesquisadores desmistificaram muitas das falsas interpretações
do comportamento motivado. Seus trabalhos enfatizavam que a motivação nasce
somente das necessidades humanas e não daquelas coisas que satisfazem essas
necessidades. Tal posição é fortalecida por um significativo número de
descobertas feitas por pesquisas da psicologia social. A maioria dessas
investigações atribui grande peso à valorização da predisposição motivacional
gerada por necessidades que brotam do interior de cada um. O ser humano
possuiria, portanto, necessidades interiores que representam a fonte de energia
do seu comportamento. Ele agiria em busca de fatores de satisfação capazes de
evitar a sujeição a graus desagradáveis e ameaçadores de tensão.
Considerando a motivação um processo, o enfoque atual procura descobrir como ela ocorre. Parte-se do princípio de que se trata de um desencadeamento de momentos interiormente experimentados, que levam o indivíduo a mobilizar a sinergia ou as forças já existentes em seu interior. Essa é a abordagem mais recente dos estudos da motivação humana, que não se atêm simplesmente à análise do conteúdo e à descrição dos objetivos motivacionais, como fizeram muitas das teorias dos anos 50, com a conhecida hierarquia dos objetivos motivacionais de Maslow.
Gervásio Antônio Consolaro, diretor da AFRESP, ex-delegado regional tributário, auditor fiscal da receita estadual aposentado, formado em administração, ciências contábeis e bacharel em Direito.
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