AGENDA CULTURAL

5.11.06

Eta Geraaaaldo! Não deu...

Hélio Consolaro

Saber perder faz parte da convivência democrática. E Geraldo Alckmin soube reconhecer a vitória do adversário, respeitando a vontade popular. Não ficou esperneando, querendo a recontagem dos votos, essas bobagens de candidato derrotado e inconformado.

Eta Geraldo! O barbudo é fogo! Mesmo com um dedo a menos e sem escola... Aquele slogan: “Deixa o homem trabalhar” pegou mesmo, colou na memória popular.

Na segunda feira, já recebi mensagens eletrônicas que pediam o impeachment de Lula ou então diziam que houve fraude eleitoral. Essas coisas de quem não se dobra às evidências...

Nessa eleição, não me manifestei abertamente, embora todos soubessem qual era a minha preferência. Fiz isso em nome de nossa amizade, caro leitor, porque não vale a pena perder amigos por causa de política. Afinal, dentre os meus 33 leitores, há gente de todas as cores ideológicas.

Espero que, daqui pra frente, minha caixa postal do correio eletrônico (e-mail) e os recados no Orkut tenham menos conteúdo político. Afinal, a campanha acabou.

Não sei qual foi o motivo de o Geraldo perder 2,5 milhões de votos pelo caminho no segundo turno, esqueceu a urna aberta e os votos foram escapando. Gente que votou nele em 1.º de outubro não repetiu o voto no domingo passado. Como uma pessoa pode mudar de voto assim tão de repente... Seria aquela nefasta tendência de votar em quem vai ganhar? A tal da empolgação?

Ser oposição não é fácil, Geraldo, é um aprendizado. E ser governo também. Essa tal rotatividade no poder é uma escola, ensina a cada partido ser as duas coisas. Ser sempre governo ou ser sempre oposição cria cacoetes incorrigíveis, acostuma.

Jornalistas foram entrevistar Lula. Um deles perguntou:

- O senhor vai romper com Alckmin?

Lula respondeu:

- Não, álcool em mim!

Engraçado mesmo é ser alquimista (partidário de Geraldo Alckmin). Parodiando Jorge Bem: Os alquimistas não chegaram/ Não chegaram os alquimistas. Eles estão tristes e cabisbaixos. Brincadeira à parte, não houve perdedor, todos ganharam, porque contribuíram com o pleito.

Por falar em alquimista, até Paulo Coelho quis Lula lá! Meu amigo Heitor Gomes, Poeta das Multidões quase teve um orgasmo. E Ventura Picasso torceu o nariz, lulista empedernido, mas não gosta do escritor.

Com cachaça ou sem, falando o português coloquial, Lula faturou, mostrou que tem carisma. Deixe o homem trabalhar, Geraldo, mas não pare de fiscalizar, a oposição é necessária, garante a democracia.

Sendo oposição ou situação, juntos, vamos construir a pátria mãe gentil. Salve! Salve! Brasil.

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