AGENDA CULTURAL

30.11.06

Noite de poesia e música

Hélio Consolaro

Não sei, caro leitor, qual é o espaço da poesia na vida de uma pessoa que luta duramente pela sobrevivência. Sei que ela existe, mas gostaria de mensurá-la, quantificá-la, mas ela não se deixa a tanto, é esguia.

Não sou exigente, não estou falando de poesia de forma acadêmica, composição escrita em versos. Uso o termo em sentido amplo, refiro-me àquele encantamento diante de algo muito bonito que nos deixa de queixo caído. Como aquele amor à primeira vista. Quando nos sentimos flechados pelo Cupido, dizendo:

- Não pode ser, eu não acreditava nisso, não sou romântico, cara, mas aconteceu. Tomaram conta de meu coração... Estou desgovernado.

Se é difícil para um poeta quantificar a poesia na vida de um cidadão que aparentemente cuida apenas se suprir suas necessidades básicas, imagine como é difícil também para o cidadão comum entender um poeta. Como uma pessoa tem a necessidade de escrever versos? Que coisa besta!

Tais poetas, cronistas, contistas, romancistas não se contentam em exteriorizar seus sentimentos diante do mundo, reúnem-se para curtir isso, ficar lendo suas “baboseiras” um para o outro, como acontece na Academia Araçatubense de Letras.

De um jeito ou de outro, a “poesia faz folia em nossa vida”, como compôs e cantou Peninha. Ela faz a gente sair do ramerrão racional, é quando a parte demente de cada um se manifesta. Não é possível medi-la nem julgá-la, está aí para quem quiser descobri-la.

E poeta (todo artista é um poeta) tenta pôr aquele momento numa linguagem para mostrar para o outro o que descobriu ou sentiu. Às vezes, até finge, como escreveu Fernando Pessoa, mas não importa, porque o fingimento se torna verdade para o fruidor.

Outro dia, eu estava lá na sede do DAEA, regularizando contas da AAL, quando saiu de uma porta Roberto Machado com algumas folhas nas mãos, todo sorridente, meio acanhado por tanta franqueza, me dizendo:

- Consa, sou poeta, leia meus poemas!

E lá estavam os poemas: “Sem teto, sem céu”, “Nossa infância”, “Vidas Secas”, “Dia de Cão”, “Guerreiros”, “Vidas Misturadas”, “Só temos um caminho” e “Controvérsias”. Que espontaneidade a dele!

Com esse espírito, caro leitor, que convido você para o jantar lítero-musical (e depois dançante) da Academia Araçatubense de Letras, organizado pela professora Cidinha Baracat, que será realizado no Varanda Eventos amanhã, a partir das 20h, véspera de feriado, na av. Cussy de Almeida, 3 248, quando se comemora o 14.º aniversário da entidade.

Os poetas estarão por lá!

(Não haverá venda na porta do Varanda Eventos.)

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