AGENDA CULTURAL

7.12.06

Birigüi e Guararapes

Hélio Consolaro

Amanhã é aniversário de Birigüi. Que um araçatubense tem a falar da vizinha cidade, que completa 95 anos, além de constatar a rivalidade entre as duas urbes, como acontece com os países Brasil e Argentina.

Essas rivalidades só servem para produzir preconceitos. As novas gerações já nem querem saber das velhas brigas entre Birigüi e Araçatuba. Estamos melhorando.

Além de Entrelinhas ter seus leitores birigüienses, sempre estou fazendo algo em Birigüi. E neste fim de ano, substituo o professor Adair Vieira Gonçalves na COEB (Cooperativa de Ensino de Birigüi), ministrando algumas aulas de redação.

Adair está terminando o seu doutorado na Suíça, na universidade onde Ferdinand de Saussure, pai da lingüística, lecionou, por isso precisou se ausentar do Brasil até março de 2007. Ele merece os parabéns de todos os seus amigos.

Surpreendi-me com a COEB, pois é uma escola em que o professor é respeitado, tratado com dignidade. Muitos deles com mais de 10 anos de casa. Depois de 35 anos de magistério, encontrei lá a classe perfeita, o terceiro colegial de 2006, em que todos os alunos querem estudar, não há um “vagal” dentre os 30 alunos.

Às terças-feiras, quando saio de casa bem de manhãzinha, adentro Birigüi pela avenida Antônio da Silva Nunes. Com meu Corsinha, me misturo à chusma de bicicleteiros que vão para o trabalho, me sentindo também um operário em construção.

Digo “bicicleteiros”, porque usam a magrela como meio de transporte; “ciclistas” é uma palavra muito chique, reservada para quem pratica o ciclismo e passeia de bicicleta. Diferença meio parecida com a que existe entre “motoqueiro” e “motociclista”.

Vejo aquela avenida fervendo de gente, por ela sinto o pulsar de Birigüi, a sua pujança. Gente simples, vinda de outras cidades, feliz, porque conseguiu um emprego. E que constrói Birigüi com suas casas e trabalho, como as laboriosas abelhas constroem o meleiro. Homens e mulheres com muita esperança nos olhos começam o seu dia.

Amanhã, também, é aniversário de Guararapes. E toda sexta-feira de manhã, adentro a cidade para exercer o magistério na Associação de Ensino. Bem diferente de Birigüi, mas é um diferente bom, há uma harmonia, porque lá a gente sente o que é morar no interior, boa para aposentados viverem o sossego de seus dias.

Não estou menosprezando Guararapes, caro leitor. Apenas, chamo a atenção para as vocações diferentes entre as duas cidades. Não é possível “A princesinha da Noroeste” (alguém se lembra disso?) imitar Birigüi, mas pode ser que o sossego da cidade seja a sua grande riqueza...






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