Hélio Consolaro
Cada um tem que passar por momentos ruins, a vida não é um eterno mar de rosas. E este croniqueiro não é diferente, mas basta um sorriso de um leitor, um elogio de alguém a seu trabalho para que lhe volte a alegria de viver.
Na fila do supermercado, preocupado com as contas mensais berrando, meio carrancudo, percebo que um senhor me olha com certa curiosidade e me pergunta:
- Você é o Consa?
Digo que sim. Então, um sorriso de um amigo se abre e o abraço me acolhe, e ouço a frase: “leio a Folha da Região pelo fim, começando por Entrelinhas”. E desfila um rosário de elogios que me encabulam. As contas a pagar ficaram pequeninas diante daquilo.
Também sei que o sucesso qualquer um comemora, e não se aprende muito com ele. O glamour é como espuma, desaparece rapidamente, por isso recebo os elogios com humildade.
E sei também que há gente que não gosta de meus escritos, mas, por bondade, não se manifestam, nem por isso deixam de ser menos importantes.
Li no livro “Siga o seu Coração”, de Andrew Matthews, remetido a mim pela amiga de Campo Grande, MS, Marinélia Martins Matos, que o fracasso é doloroso e por ele somos educados. Olhando para trás, percebo que cometi vários desastres, que foram momentos de mudança e aprendizagem.
Em novembro, completei 11 anos de Entrelinhas nesta Folha. Como escreveu Affonso Romano Sant’ Anna, o cronista diário é uma galinha: bota um ovo a cada dia.
Como prêmio, recebi uma cartinha muito carinhosa do adolescente Yuri Barbosa Guimarães, aluno da 6.ª série A da escola estadual Prof.ª Nilce Maia, Araçatuba.
Por ela, aprendi que sempre devemos ser bons, respeitar o outro, por mais que seja simples. Quando a gente estiver numa situação ruim, bem inferior, as boas ações praticadas pela vida retornarão como bálsamo.
No dia 26 de agosto, recebi a classe de Yuri na sede da Academia Araçatubense de Letras numa visita, comandada pela professora Elda. Eles vinham de outras visitas: à Câmara Municipal e ao museu Cândido Rondon. E lá expliquei a todos o que era a entidade, por isso ele me escreveu, dizendo que dos três lugares visitados, a AAL foi o melhor, porque os alunos receberam revistas literárias e livros em sorteios. E lá estava este croniqueiro para recebê-los.
Apesar de eu ser professor diplomado, o Yuri foi o meu professor, me ensinou a dar aula com sua carta. Se fui amável com alunos que não são meus, porque não sê-lo com os meus próprios alunos.
Na vida, nada é dividido em especialidades, tudo ensina, até uma pedra no meio do caminho. Só não aprende quem for cabeçudo, quem nasceu para ser piruá, como escreveu Rubem Alves.
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