AGENDA CULTURAL

2.12.06

Luzes de Araçatuba

Hélio Consolaro

Ontem, sexta-feira, Dia Nacional da Cerveja e véspera de feriado, o boteco Bate Forte fervia de barrigudinhos que cumpriam o ritual de olhar para a imagem de Santo Onofre, fazer uma referência e jogar no chão um gole da bebida para o santo.

Dona Assunta administrava a cozinha. Amelinha mais anotava do recebia na caixa. Estava montada a microempresa brasileira.

A turma do Bolla animava o boteco com os pagodes da hora, esquentando o clima. Faca Amolada e Caneta Louca corriam pra lá e pra cá, esbaforidos, tentando atender aos pedidos que vinham aos gritos:

- Uma quadrada, por favor!

- Mande a boa!

- Uma porção esperta de salaminho!

Seu Sugiro gritou da calçada:

- Espetinhos de filé miau, hein! Bom, né!

E os pedidos deixaram o japonês churrasqueiro muito contente. A notícia dos gatos doentes havia sido esquecida.

Nisso, chegou Márcio Martins, irmão de Magno Martins . Bolla convidou-o para que cantasse a música do irmão: Luzes de Araçatuba.

Márcio disse que estava despreparado, fez charminho, mas encarou o convite diante do apelo coletivo dos barrigudinhos e cantou a música.

“Quando eu to chegando em casa/ Vindo lá da Capital/ As luzes de Araçatuba/ Me livram de todo mal”

“O bairro, a casa, a família/ Amigos, bares e quintais/ As luzes de Araçatuba/ São limites dessa paz”

“Gastei nessas ruas raízes e razões/ Juventude, coração, poesia e canções/ Agora nessas ruas passam por mim por um triz/ Sonhos de ser feliz/ Que hoje eu sei, são só reflexos azuis/ Da sua luz”

“E quando eu to indo embora/ Sempre olho para trás/ As luzes de Araçatuba/ Me esperam feito um cais/ Brilham mais do que o futuro/ Valem mais do que dinheiro/ São emoções reunidas/ De um poeta passageiro”

E Márcio acrescentou:

- Quem quiser ouvi-la, gravá-la, acesse:
www.avesso.net/downmpb.htm


E os barrigudinhos pediram bis! De repente, ouviam-se soluços de um sujeito que chorava convulsivamente. Era Araçalino, um araçatubense que só bebia suco de araçá por amor à cidade, mas teve que se mudar para São Paulo. Que foi, que não foi!

- Vocês não sabem como essa cidade me faz falta! Como sofro longe daqui! Em 2 de dezembro, estou sempre por aqui para matar a saudade...

E buááááááá! Houve constrangimento geral. Faca Amolada e Bolla aproveitaram o silêncio que foi quebrado por um grito:

- Rodada por conta da casa!!! Viva Araçatuba!!!

E foi aquele carnaval. Magrão, para não perder a mania, disse ao ouvido de Caneta Louca:

- Veja se não rouba na marcação, hein, cara! Você é safado, aproveita o clima e ferra...

E o pagode comeu solto!


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