AGENDA CULTURAL

31.12.06

Propósitos para 2007

Hélio Consolaro

Amanhã começa um novo ano, um novo período. Podemos dizer que 1.º de janeiro é um dia qualquer, mas há uma energia especial nele. O feriado, as festas, por ser o Dia Mundial da Paz, tudo isso cria um clima, não podemos negar. Primeiro de janeiro não é apenas um número.

Este croniqueiro, por exemplo, analisa sua vida pelos numerais dos anos. Anos terminados em sete (nasci em 1948): em 1957 adentrei a escola; em 1967 fiz o Tiro de Guerra; em 1977, voltei a Araçatuba, depois de passar em concurso dificílimo; em 1987, minha candidatura a prefeito de Araçatuba foi lançada; 1997, lancei o meu primeiro livro “Cobras & Lagartos”. Que acontecerá em 2007?

Isso são encucações, não ligo muito, apesar de ficar de rabo-de-olho nelas. Sei que na minha vida os anos terminados em seis preparam as grandes novidades do vindouro, em sete. Em 2007, com certeza, deixarei de ser uma porção de coisas para ser outras.

Como é costume fazer propósitos em todo começo de ano, não serei diferente de meus companheiros mortais.

Pretendo ser mais terno, comigo e com os outros, praticar a ecoternura, deixar-se envolver. Não só com os olhos, mas também com as mãos. Como escreveu o intelectual francês Roland Barthes: “Onde és terno, dizes plural”, há democracia.

Quero ser dependente, não esconderei meus projetos, nem ocultarei minhas estratégias. Aliás, quero ser um homem sem estratégias, de coração aberto, com minhas fraquezas escancaradas. Não sou empresário, político ou militar, portanto meu pelotão poderá deixar os flancos descobertos. Aliás, sem comandados. Sem medo de pichações. Como disse José Mindlin, empresário, bibliófilo e o mais novo membro da Academia Brasileira de Letras: só faço as coisas que me dão alegria.

A gratuidade precisa ser recuperada. As flores não devem ser compradas na floricultura, precisam ser plantadas, cultivadas e colhidas pela mesma pessoa. Não quero mais perguntar “para que serve isso” ou “vou ganhar quanto”, nem direi que “tempo é dinheiro”. Quero saber se minha ação dará prazer, se ela construirá um mundo de alegria.

Lutarei comigo mesmo para ser singular, nada de estereótipos, farei questão de ser diferente, deixar minhas impressões digitais naquilo que faço. Sem usar lenços, deixarei rastos nos instrumentos dos crimes cometidos por mim.

Então, caro leitor, quero fazer tudo isso sem mudar de sexo, sendo homem mesmo, mais carinhoso com as mulheres. Não farei milagres nem serei beatificado por Bento 16, porque quero ser tudo isso na geografia de meu corpo.

Tente mudar você também. Feliz 2007. Até fevereiro.

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